Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Bolsonaro no Rio: Maioria discorda de seus deputados e quer Brazão preso

Dos manifestantes presentes no ato pró-Bolsonaro, neste domingo (22), no Rio de Janeiro, 56% concordam com a decisão da Câmara que manteve a prisão preventiva do deputado federal Chiquinho Brazão pela morte de Marielle Franco — batendo de frente com os parlamentares bolsonaristas, que votaram em peso pela soltura do colega.

Ao mesmo tempo, 54% defendem que o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) concorra à Presidência da República caso Jair continue inelegível. No ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista, em 25 de fevereiro, 61% haviam apontado o nome dele.

Os números são resultado de pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP (Universidade de São Paulo) durante a manifestação na praia de Copacabana. Foram entrevistadas 368 pessoas e a margem de erro é de cinco pontos.

No dia 10 de abril, o plenário da Câmara manteve a prisão preventiva de Brazão (hoje, sem partido, ex-União Brasil), que havia sido decretada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por 277 votos a 129, 20 a mais do que o necessário. Ele é apontado como o responsável por ordenar a execução da vereadora e de seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, e interferir nas investigações do crime pelos anos seguintes. A Câmara precisava chancelar ou refutar a prisão do STF.

Dos manifestantes no Rio, 26% afirmam que não concordavam com a decisão da Câmara de manter Brazão na cadeia e 18% não sabiam o que responder.

Ao mesmo tempo, 68% confiam em alguma medida no resultado da investigação da Polícia Federal que concluiu que os mandantes do assassinato de Marielle Franco foram os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, este conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, e o então chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. Do total, 40% confiam muito, 28% confiam um pouco, 18% não confiam e 13% não souberam responder.

"Aparentemente, o eleitorado e a militância bolsonaristas estão em desacordo com as suas lideranças", afirmou à coluna Pablo Ortellado, professor do curso de Política Pública da USP e coordenador da pesquisa junto com Márcio Moretto.

"As lideranças orientaram para votar contra a prisão do Brazão, lançaram suspeição sobre a conclusão do relatório da PF e, apesar disso, há maiorias expressivas apoiando o trabalho da Polícia Federal e a prisão do deputado Brazão", diz.

Ataques de Musk ao STF

Entre os presentes no ato em defesa de Bolsonaro, 91% consideram que a suspensão de contas no X/Twitter determinadas pelo STF e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) configuram censura e apenas 5% disseram que não configura.

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Consequentemente, 85% concordam com a decisão de Elon Musk que afirmou que descumpriria decisões do STF e restituiria as contas que foram suspensas, enquanto 7% disseram que discordam dela.

E 93% são favoráveis ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes, diante de 5% contrários.

Preferência por Tarcísio como candidato a presidente

A pesquisa também questionou qual seria o melhor nome para concorrer à Presidência da República se Jair Bolsonaro não puder ser candidato — ele está inelegível após duas condenações pelo TSE.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece com 54% da preferência dos manifestantes, enquanto a ex-primeira-dama e diretora do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, tem 23%, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o general Braga Neto (PL), 4% cada um.

Aparecem com 3% o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e com 2% os senadores Damares Alves (Republicanos-DF) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

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"A preferência pelo Tarcísio é um resultado que merece destaque. A gente já tinha detectado isso na manifestação em São Paulo, mas estava atribuindo ao fato de estar onde estávamos. No Rio, isso confirma o grande apoio dos bolsonaristas num lugar diferente", afirmou Ortellado. "O que o consolida como o mais forte candidato a herdar o espólio bolsonarista", conclui.

No ato da avenida Paulista, em São Paulo, em 25 de fevereiro, Tarcísio de Freitas havia aparecido com 61%, Michelle Bolsonaro, 19%, e Romeu Zema (Novo), 7%.

Quanto à eleição municipal no Rio, 63% defendem que Jair Bolsonaro deve apoiar o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), envolvido na investigação sobre espionagem durante o governo passado. Ele é seguido pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB), 5%, pelo atual prefeito pelo deputado estadual Eduardo Paes (PSD) e pelo deputado estadual Rodrigo Amorim (PRD), 2%.

Manifestação teve 38% de católicos e 33% de evangélicos

Dos presentes na manifestação, 51% eram mulheres, e 49%, homens.

Quanto à idade, 69% tinham 45 anos ou mais, 25%, entre 25 e 44 e 6%, entre 16 e 24 anos. Brancos representavam 51%, e negros (pretos e pardos), 44%.

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Vivem em famílias que recebem até dois salários mínimos mensais 18% dos presentes, entre 2 e 5 salários representam 38%, entre 5 e 10, 25%, entre 10 e 20, 11%, e mais de 20 salários mínimos, 5%.

Do total, 66% dizem ter ensino superior, 28% médio, e 7%, fundamental.

E 38% se dizem católicos, 33% evangélicos, 12% espíritas e kardecistas.

Pesquisadores estimaram 32,7 mil na manifestação

A única estimativa com metodologia que veio a público até agora é a do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo. Ela apontou 32.750 mil pessoas na manifestação às 12h, seu horário de pico.

A contagem de cabeças foi baseada em fotos aéreas de alta resolução que cobriram a extensão da avenida, tiradas entre 10h e 12h30, e processadas com a ajuda de um software especial para esse fim.

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