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Manifestante pró-Lava Jato lamenta decisão a favor de Lula: "Tapa na cara"

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Curitiba

08/03/2021 19h59Atualizada em 08/03/2021 19h59

A professora aposentada Narli Resende recebeu a notícia da anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como quem recebe "um tapa na cara". Ela, que coordenou por anos um acampamento em Curitiba em apoio à operação Lava Jato e ao então juiz Sergio Moro, disse nesta noite ainda estar em choque com a decisão do ministro Edson Fachin a favor do político petista.

"Isso é um tapa na cara da democracia, da Justiça", afirmou ela ao UOL, depois de pedir uns minutos para recuperar o ar e esfriar a cabeça. "Fiquei muito nervosa."

Narli tem 63 anos e é cadeirante. Ficou conhecida entre membros da Lava Jato por manifestar-se em prol da operação em seus momentos mais marcantes.

 A historiadora aposentada Narli Resende, que faz parte do grupo de direita Curitiba Contra a Corrupção - Henry Milleo/UOL - Henry Milleo/UOL
A historiadora aposentada Narli Resende, que faz parte do grupo de direita Curitiba Contra a Corrupção
Imagem: Henry Milleo/UOL

Ela esteve em frente a sede da Justiça Federal do Paraná quando Lula foi interrogado por Moro. Também acompanhou de perto a chegada do ex-presidente à carceragem da Polícia Federal, naquele que foi considerado por lavajatistas o ápice do combate à corrupção no país.

Hoje, segundo ela, todo esse trabalho foi "jogado no lixo". "O Fachin vem agora dizer que a vara de Moro não era competente para julgar Lula? Depois disso ser debatido e avaliado em tantas instâncias do Judiciário? Eu não consigo entender", questiona-se, citando o motivo que levou o ministro do STF a anular as condenações do ex-presidente.

Sinto que todo meu esforço, tudo o que passei, foi em vão"
Narli Resende, professora aposentada que liderou acampamento de apoiadores da Lava Jato montado em frente à Justiça Federal do Paraná


Narli integra hoje o movimento Curitiba Contra Corrupção. O grupo tem mantido-se fiel ao ex-juiz Sergio Moro mesmo após seu rompimento com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Cristiano Roger, fundador do grupo, chegou a dizer hoje no twitter que a decisão de Fachin alegra tanto petistas quando bolsonaristas.

Narli disse que, por conta das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, não haverá manifestações em Curitiba em protesto a decisão de Fachin. Ela ressaltou, porém, que o julgamento do ministro rapidamente mobilizou os apoiadores da Lava Jato e deve ter uma resposta em breve.

"Alguma coisa teremos que fazer", disse ela. "Isso ficou muito feio para o ministro Fachin, a quem eu sempre vi como um jurista sério, ponderado", afirmou.