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Bolsonaro posta vídeo de helicóptero com doações e imagens em moto aquática

Luciana Amaral, Lucas Valença, Fabrício de Castro e Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

29/12/2021 12h34Atualizada em 29/12/2021 18h27

Após críticas por manter as férias em Santa Catarina e não ter ido à Bahia em meio às enchentes que atingiram o estado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) postou hoje (29), nas redes sociais, vídeos de um helicóptero com mantimentos e de mais um passeio de moto aquática.

A primeira postagem, realizada no Twitter nesta manhã, foi da aeronave com ajuda. As imagens têm duração de 11 segundos e não detalham onde a gravação foi feita nem quando.

No texto, Bolsonaro também diz: "Continuamos na Bahia". E acrescenta que informações são "atualizadas constantemente". Em seguida, marcou uma série de perfis de ministérios e ministros, além das Forças Armadas, da Caixa Econômica Federal e da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Mais tarde, pouco depois das 13h30, Bolsonaro publicou um novo vídeo, no Facebook, em que aparece pilotando uma moto aquática acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da filha do casal, Laura.

As imagens foram feitas na praia de Enseada, em São Francisco do Sul (SC), onde o presidente passa férias até 4 de janeiro. Nas imagens publicadas hoje, ele aparece no mar, cercado de banhistas, e em seguida deixa o local acompanhado da família.

Bolsonaro delegou a seus ministros a contenção de danos da tragédia na Bahia, que já levou mais de 77 mil pessoas a deixarem suas casas devido às chuvas.

Por se recusar a interromper o recesso para acompanhar a situação na Bahia, Bolsonaro é criticado nas redes sociais e tem sido alvo de membros da oposição, que consideram "falta de empatia" a atitude do presidente. Além disso, políticos baianos reclamam do volume de recursos liberado pelo governo federal para o enfrentamento do desastre.

Com 21 mortos e 358 pessoas feridas em decorrência das chuvas, a Bahia contabiliza mais de 77 mil pessoas que foram obrigadas a deixarem suas casas —34 mil delas estão desabrigadas. O último balanço da Defesa Civil, divulgado ontem, diz que 470 mil pessoas foram afetadas em 136 cidades —os municípios declararam situação de emergência, o que representa cerca de 30% do estado.

O UOL procurou a Presidência da República sobre as críticas, mas sua assessoria de imprensa não se manifestou até a publicação desta reportagem.

28.dez.2021 - Vitória Rocha, 81, busca pertences nos escombros de sua casa, destruída pelas enchentes, em Itambé, Bahia - Amanda Perobelli/Reuters - Amanda Perobelli/Reuters
28.dez.2021 - Vitória Rocha, 81, busca pertences nos escombros de sua casa, destruída pelas enchentes, em Itambé, Bahia
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Nas redes sociais, a hashtag "BolsonaroVagabundo" figurou hoje nos trending topics do Twitter por sua ausência na Bahia.

Durante a ausência do presidente no sul da Bahia, foram ao estado os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, da Cidadania, João Roma, e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou hoje que o país passa por um momento de "muita tensão na Bahia". Durante evento no Ministério da Saúde com a presença de Queiroga, Roma disse que retornará ao estado ainda hoje. Ontem, ele e outros ministros sobrevoaram regiões da Bahia atingidas pelas fortes chuvas.

"Muitas pessoas estão vivendo situação de desespero. Isso naturalmente vai resultar um reforço, uma sobrecarga na saúde", afirmou Roma. O ministrou pontuou ainda que muitas regiões do estado continuam sem energia elétrica, água potável e sinal de telefone.

Durante o evento, Roma afirmou ainda que tem mantido contato frequente com o ministro da Saúde. "Hoje ele me mandou mensagem às 5h da manhã", disse, sem especificar o assunto tratado.

Em sua fala, Queiroga lembrou que o governo editou portaria liberando recursos para a Bahia. Nem Queiroga nem Roma falaram sobre a possibilidade de Bolsonaro visitar as regiões atingidas pelas chuvas.

O Ministério da Defesa informou que a Marinha está transportando bombeiros e cestas básicas aos desabrigados, por exemplo. As Forças Armadas também atuam no transporte de água potável, remédios, equipes médicas, roupas e produtos de higiene, fora a desobstrução de vias interditadas pelos temporais, completou.

Hoje, o ministério disse que o Exército resgatou indígenas da aldeia Caramuru, então ilhados no município de Pau Brasil.

Críticas na Bahia

Após uma coletiva de imprensa concedida ontem pelos ministros, o senador Jaques Wagner (PT), ex-governador da Bahia, disse que a "solidariedade" prestada pelos representantes federais é "insuficiente" porque é acompanhada de poucos recursos.

Ontem, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), também classificou como "insuficientes" os recursos disponibilizados pela União para amenizar o sofrimento dos desalojados e promover a reconstrução da infraestrutura local.

"Não é possível recuperar as estradas federais com R$ 80 milhões para o Nordeste, R$ 80 milhões não dá para recuperar as estradas da Bahia", declarou Costa em visita a Ilhéus (BA) ao se referir à Medida Provisória do governo federal que liberava R$ 80 milhões para todo o Nordeste.

Além desses recursos, o presidente emitiu uma outra MP que destina R$ 200 milhões para a recuperação de rodovias e estradas no estado da Bahia, mas também do Amazonas, de Minas Gerais e de São Paulo. Do valor total, R$ 80 milhões serão destinados à Bahia.

O senador da Bahia Otto Alencar (PSD), ex-integrante da CPI da Covid, afirmou em entrevista ao UOL News ontem que "Bolsonaro tem amnésia dissociativa" e que, por isso, estaria "fugindo dos problemas".

"Não é coisa para quem é presidente da República, com responsabilidade, deixar de estar presente no estado, tomando providência junto com o governador", afirmou.