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Enquanto voluntários doam água para médicos no AM, Pazuello nega omissão

Pessoas aplaudem e observam a chegada de caminhões com parte do carregamento de 160 mil m³ de oxigênio que saíram de Porto Velho (RO) pela BR-319, chegam no Porto da Ceasa, no fim da manhã deste domingo (24) em Manaus (AM) - EDMAR BARROS/ESTADÃO CONTEÚDO
Pessoas aplaudem e observam a chegada de caminhões com parte do carregamento de 160 mil m³ de oxigênio que saíram de Porto Velho (RO) pela BR-319, chegam no Porto da Ceasa, no fim da manhã deste domingo (24) em Manaus (AM) Imagem: EDMAR BARROS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo*

03/02/2021 00h25

No mês de janeiro, quando o colapso no sistema de saúde do Amazonas atingiu seu mais grave momento, com registros da falta de oxigênio em hospitais de Manaus e do interior do Estado, foram registradas ou confirmadas 2.832 mortes por covid-19 no estado, segundo os dados registrados pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Ainda assim, o governo federal segue negando sua responsabilidade sobre o caos. O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em entrevista à Jovem Pan, negou omissão por falta de oxigênio no Amazonas.

O ministério da Saúde nunca foi oficiado sobre falta de oxigênio por White Martins. (...) Isso é uma informação errada. O ministério da Saúde não tem competência sobre a infraestrutura de oxigênio."
Eduardo Pazuello

As mortes por covid-19 seguem aceleradas no Amazonas. Hoje foram registradas mais 148 mortes no estado e a média móvel de óbitos — comparação dos dados dos últimos 14 dias da doença — teve aumento de 37%.

A Polícia Federal abriu uma investigação criminal sobre omissão do ministro a pedido do PGR Augusto Aras. Já o MPF no Amazonas, na esfera cível, apura desde 15 de janeiro se o ministério foi informado com antecedência da crise e se priorizou a cloroquina em detrimento de ajuda para a crise do oxigênio.

Por falar em investigação, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) segue acompanhando as investigações médicas que estão sendo realizadas para apurar se a morte de um idoso de 83 anos, em Manaus, no último sábado (30), dois dias após ele ter tomado a vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca, tem relação com a vacinação.

Amazonas e Manaus começam com auxílios emergenciais locais

Em meio ao caos e à redução no orçamento causados pela pandemia, o Amazonas e outros estados das regiões norte e nordeste não esperaram pela renovação do auxílio emergencial federal.

No Amazonas, a primeira parcela das três de R$ 200 do auxílio estadual começou a ser paga ontem (1) para 100 mil famílias em situação de extrema pobreza.

Utilizamos a base de dados do Cadastro Único para programas sociais do governo federal, e a referência que nós utilizamos foi o mês de novembro de 2020."
Kathelen Santos, secretária do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza

Manaus aprovou o Auxílio Manauara, um benefício social proposto pela prefeitura para auxiliar famílias pobres. O programa vai atender cerca de 40 mil famílias de baixa renda com seis parcelas de R$ 200 — que começam a ser pagas este mês.

Voluntários doam até água para médicos e 16 estados recebem 434 pacientes

À ajuda modesta dos cofres públicos estaduais e municipais — quando comparada ao auxílio emergencial federal, que era de R$ 600 por mês e terminou em dezembro — se juntam iniciativas de voluntários e de governos de 15 Estados e do Distrito Federal.

Voluntários têm feito arrecadações de oxigênio, cestas básicas e até itens que faltam nos hospitais locais. Na cidade de Iranduba, vizinha à Capital, um grupo de apoiadores chamado "Manaus por um respiro" descobriu que faltava água para médicos e outros profissionais de saúde beberem no hospital local.

Governos dos outros Estados seguem ofertando vagas para pacientes com sintomas moderados de covid-19. Um total de 434 pessoas foram transferidas, das quais 126 já se recuperaram. Infelizmente, 20 dos doentes transferidos morreram.