Ex-dirigentes do Khmer Vermelho são condenados à prisão perpétua

Em Phnom Penh

  • Fotomontagem/UOL Mark Peters/AFP

    Os dois dirigentes de maior patente ainda vivos do Khmer Vermelho, Khieu Samphan, 83 (à esq.), e Nuon Chea, 88, foram condenado à prisão perpétua em um tribunal de Phnom Penh, no Camboja

    Os dois dirigentes de maior patente ainda vivos do Khmer Vermelho, Khieu Samphan, 83 (à esq.), e Nuon Chea, 88, foram condenado à prisão perpétua em um tribunal de Phnom Penh, no Camboja

Os dois dirigentes do Khmer Vermelho de maior patente ainda vivos foram condenados nesta quinta-feira (7) à prisão perpétua por crimes contra a Humanidade, em um tribunal de Phnom Penh patrocinado pela ONU.

As penas atingem o ideólogo do regime, Nuon Chea, 88, e o ex-chefe do Estado da "Kampuchea Democrática", Khieu Samphan, 83.

Trata-se do primeiro veredicto emblemático contra um regime que matou cerca de dois milhões de pessoas no Camboja entre 1975 e 1979. Os promotores classificaram o dia como "histórico" e se deram por satisfeitos com a decisão judicial, mas lamentaram que "nada vai trazer de volta os familiares" mortos.

Khieu Samphan e Nuon Chea eram julgados desde 2011 por sua responsabilidade nas atrocidades cometidas em nome de uma suposta utopia marxista.

Para obter um veredicto antes da morte dos dois acusados, o julgamento foi dividido em duas partes.

No primeiro "miniprocesso", que durou três anos, a acusação se centrou nos crimes contra a humanidade representado pelos deslocamentos forçados da população durante a evacuação das cidades.

O segundo processo, que começou na quarta-feira (6) na presença de Khieu Samphan, mas na ausência de Nuon Chea por razões médicas, diz respeito às acusações de genocídio, aos massacres de vietnamitas e da minoria étnica dos sham, de confissão muçulmana.

Defesa vai recorrer da decisão

A defesa dos ex-líderes do Khmer Vermelho, condenados pelo Tribunal Internacional do Camboja à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, anunciou nesta quinta-feira que apresentará recursos de apelação da sentença e um pedido de impugnação dos juízes.

O advogado de Nuon Chea, Victor Koppe, disse que seu cliente já esperava esta sentença e questionou a integridade dos juízes, além de anunciar que apresentará uma queixa com a intenção de substituí-los.

"Acreditamos que não são imparciais", disse Koppe em entrevista coletiva. O advogado também argumentou que os magistrados não podem garantir um julgamento justo a seu cliente nas próximas fases do processo, uma vez que já o condenaram.

Além disso, outro defensor do "número 2", San Arun, denunciou que o tribunal "só se ocupou do corpo do crocodilo, mas não da cabeça nem dos rabos".

Os advogados de Khieu Samphan, por sua vez, afirmaram que a sentença foi "injusta" e "desproporcional", ao argumentar que seu cliente recebeu a mesma pena de Nuon Chea, apesar de os juízes terem isentado o ex-chefe de Estado do Khmer Vermelho de várias acusações.

"Não existem provas concretas sobre a participação de Khieu Samphan na tomada de decisões dos fatos que foram julgados", disseram os advogados, que buscam a absolvição de seu cliente com o recurso.

Os defensores alegaram que Khieu Samphan não fazia parte do comitê central do Partido Comunista de Kampuchea e que, como chefe de Estado, desempenhou apenas um papel institucional.

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