Morre ex-secretário-geral da ONU Butros Butros Ghali

De Copenhague

  • Asger Ladefoged/EFE

    Multidão participa de protesto contra ataques contra uma sinagoga e um centro cultural

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Nações Unidas, Estados Unidos, 16 Fev 2016 (AFP) - O ex-secretário-geral das Nações Unidas Butros Butros Ghali, que esteve à frente do organismo mundial desde os tempos esperançosos que emergiram com o fim da Guerra Fria até os massacres de Ruanda e Bósnia, morreu aos 93 anos, anunciaram, nesta terça-feira, as Nações Unidas.

O diplomata egípcio se tornou o primeiro secretário-geral do continente africano, em 1992, mas sua posse terminou abruptamente depois de cinco anos, quando a ONU vetou seu segundo mandato.

Butros Ghali, que serviu como o sexto secretário-geral das Nações Unidas, morreu no Cairo, disse um porta-voz da organização.

Membros do Conselho de Segurança da ONU mantiveram um minuto de silêncio em sua memória.

O ex-ministro das Relações Exteriores egípcio e também veterano diplomata liderou o organismo mundial durante um de seus momentos mais difíceis com a crise na Somália, Ruanda, Oriente Médio e a antiga Iugoslávia.

Após uma série de confrontos com a administração americana, Washington virou as costas a Butros Ghali e decidiu apoiar o ganense Ghanaian Kofi Annan para o cargo.

As relações com os Estados Unidos começaram a se deteriorar em 1993, quando uma operação sob comando americano na Somália causou grandes baixas em suas tropas.

A operação, parte de um esforço da ONU para prestar ajuda humanitária, estava sendo bloqueada por um conflito civil, o que levou a desentendimentos entre as autoridades dos EUA em o organismo mundial.

Confrontos com os EUAOutros problemas começaram a emergir durante operações de manutenção de paz na antiga Iugoslávia e depois do massacre genocida de 1994 em Ruanda, ao qual as Nações Unidas falharam em conter.

Também houve tensões sobre sansões da ONU contra o regime de Saddam Hussein no Iraque, que havia invadido e depois sido expulso do Kuwait um ano depois de Butros Ghali assumir o posto.

A então embaixadora de Washington para as Nações Unidas, Madeleine Albright, argumentou que o egípcio havia falhado em alcançar medidas que tornassem o organismo mundial mais eficiente.

Quando sua candidatura para o segundo mandato foi vetada por Washington, ele sentiu que estava sendo punido por apoiar que os Estados-membros da ONU pagassem suas taxas de adesão - uma medida que os Estados Unidos têm postergado - e por condenar as ações de Israel no sul do Líbano.

Depois de deixar as Nações Unidas, Butros Ghali atuou como secretário-geral do grupo Francofonia, das nações de língua francesa.

Ele nasceu no dia 14 de novembro de 1922 em uma família cristã da capital egípcia.

Butros Ghali estudou na Universidade do Cairo e em Paris, onde estabeleceu uma profunda ligação com a França.

Após uma carreira universitária focada nas relações internacionais, incluindo um período na Universidade de Columbia, em Nova York, tornou-se ministro egípcio das Relações Exteriores em 1977, sob o governo de Anwar al-Sadat.

Ele acompanhou Sadat em sua histórica viagem a Jerusalém naquele ano, um evento em que ambos forjaram um acordo de paz entre Egito e Israel e levou ao assassinato do então presidente quatro anos depois.

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