Presidente do Afeganistão agradece às tropas dos EUA pela ocupação

Em Camp David

  • Yin Bogu/Xinhua

    O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter (1º à dir.), o secretário de Estado, John Kerry (2º à dir.), o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani (2º à esq.), e o diretor-presidente afegão Abdullah Abdullah (1º à esq.) se cumprimentam em conferência

    O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter (1º à dir.), o secretário de Estado, John Kerry (2º à dir.), o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani (2º à esq.), e o diretor-presidente afegão Abdullah Abdullah (1º à esq.) se cumprimentam em conferência

O presidente afegão, Ashraf Ghani, expressou, nesta segunda-feira (23), sua profunda gratidão às tropas dos Estados Unidos, durante visita a Washington que pretende marcar uma nova fase nas relações entre os dois governos, após anos de desentendimentos.

Em discurso a soldados e oficiais dos EUA, durante cerimônia no Pentágono, Ghani disse "obrigado" inúmeras vezes, acrescentando que seu país vai agradecer para sempre pelos benefícios dos mais de 850 mil militares que chegaram ao Afeganistão desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

Depois desse evento, Ghani se reuniu com o secretário de Estado americano, John Kerry, na residência presidencial de Camp David.

A mudança nas relações é, em parte, devido ao fato de Ghani ter assumido a Presidência, em 2014. Oficiais das Forças Armadas dos EUA veem nele alguém capaz de arejar a aproximação entre os dois países. A comparação é feita com o antecessor Hamid Karzai, que costumava entrar em rota de colisão e dificultar esforços diplomáticos e militares do governo dos Estados Unidos.

Nos jardins do Pentágono, o presidente afegão disse que estava ali para "dizer obrigado, em nome de um povo grato às pessoas que trabalham nesse prédio e a toda a sociedade nos Estados Unidos pelo contínuo sacrifício para nos trazer liberdade e esperança, desde o 11 de Setembro".

Ghani quer colocar casa em ordem

Após agradecer às tropas e aos diplomatas dos EUA, e mesmo ao "contribuinte local", Ghani prometeu que "nós não seremos um fardo".

"Nós já não vamos mais pedir aos EUA o que podem fazer por nós", disse ele, recorrendo a uma famosa declaração do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy.

"Queremos dizer o que o Afeganistão vai fazer em prol de si e do resto do mundo. Isto quer dizer que vamos colocar nossa casa em ordem", destacou.

Nos últimos 14 anos, enquanto vários militares dos EUA se feriam ou morriam nos desertos ao sul do Afeganistão, o governo enfrentava uma batalha paralela com os líderes afegãos.

Houve algum alívio quando Ghani, ex-funcionário no Banco Mundial por 15 anos, e o primeiro-ministro Abdullah Abdullah assumiram, no ano passado, apesar das aparentes intermináveis negociações pela divisão do poder.

Na opinião de fontes militares dos EUA, Ghani dá a entender que quer realizar reformas nas áreas econômica e de segurança. Tais medidas vão colocar o Afeganistão no caminho da autoconfiança, algo que não prevê o financiamento sem fim por parte dos EUA e mobilização de tropas em larga escala.

Esta opinião coincide com a de Obama, que prometeu tirar todas as tropas até 2017, quando sairá do posto de presidente.

'Amizade duradoura'

O secretário de Estado americano, John Kerry, elogiou o dia de conversas "produtivas" com os líderes afegãos, nesta segunda-feira, acrescentando que é uma prova dos laços profundos entre Washington e Cabul.

A reunião com o presidente Ghani e com o chefe do Executivo, Abdullah Abdullah, aconteceu após a cerimônia no Pentágono.

"Os produtivos encontros de hoje ressaltam a natureza duradoura dessa amizade", disse Kerry à imprensa, após a cúpula em Camp David, destacando que os dois países "cresceram mais próximos depois de 14 anos de sacrifício compartilhado".

Já o secretário americano da Defesa, Ash Carter, que também esteve no encontro, ressaltou que os Estados Unidos têm um "inabalável" compromisso com garantir fortes laços com o Afeganistão.

Na entrevista coletiva, Carter afirmou que "os Estados Unidos mantêm um inabalável compromisso com uma parceria forte e estratégica com o Afeganistão".

Segundo ele, o governo pretende solicitar recursos para 2017, de modo a garantir que o efetivo militar nesse país seja mantido em cerca de 352 mil homens.

O presidente afegão declarou que o número de tropas americanas em seu país é uma decisão de Barack Obama.

"O tema da quantidade deve ser resolvido pelo presidente dos Estados Unidos, e essa decisão será tomada por Obama", disse Ghani, referindo-se à possibilidade de manter soldados dos EUA no território depois do final de 2016, data prevista para completar sua retirada.

Obama recebe Ghani amanhã, na Casa Branca. Espera-se que, depois do encontro, ambos se pronunciem sobre a presença americana nesse país.

O governo dos Estados Unidos tinha planejado para dezembro uma redução no número de militares, passando dos cerca de dez mil para 5.500 membros no país asiático. Segundo oficiais, porém, esse número deve ser revisto. Ainda assim, o objetivo de todos os combatentes saírem do país até 2017 não foi alterado.

Ghani fica durante quatro dias nos EUA. Sua viagem foi considerada de alta prioridade pela Casa Branca.

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