Funeral de jovem negro é seguido por protestos e confrontos em Baltimore

Em Baltimore

Freddie Gray, o jovem negro de 25 anos morto há uma semana em circunstâncias não determinadas sob a custódia da polícia em Baltimore, foi enterrado nesta segunda-feira (27) em uma cerimônia marcada pelo tom político e seguida de violentos protestos e saques nas ruas.

Os confrontos entre jovens negros e policiais eclodiram na cidade. Os manifestantes jogam pedras e garrafas contra a polícia equipada com escudos, cassetetes e capacetes. Pelo menos sete policiais ficaram feridos, segundo o capitão Eric Kowalczyk.

Um dos agentes feridos está inconsciente e outros sofreram fraturas com uma verdadeira chuva de pedras e garrafas, precisou Kowalczyk.

"Agora verão o uso de gás lacrimogêneo (...). Usaremos os métodos apropriados para garantir que podemos preservar a segurança da comunidade".

Os manifestantes destruíram vários carros da polícia e saquearam ao menos uma farmácia.

"O grupo está se recusando a seguir as nossas ordens de dispersão. Vários de nossos oficiais foram feridos", relatou a polícia de Baltimore no Twitter.

O jovem de 25 anos morreu no dia 19 de abril devido a uma fratura nas vértebras cervicais, uma semana após sua prisão em Baltimore, cidade da costa leste dos Estados Unidos.

No começo do funeral, a polícia anunciou ter recebido a ameaça de que "várias gangues da cidade se associaram para 'eliminar' agentes policiais".

A cerimônia, que contou com cerca de 3.000 pessoas, durou duas horas e meia e teve um forte viés político. O pastor Jamal Bryant disse que Freddie Gray "fez o que é proibido aos homens negros: olhar nos olhos de um policial".

"Estamos aqui por Freddie Gray, mas também porque há muitos Freddie Gray", complementou o advogado da família, Billy Murphy, sob aplausos.

Um monitor no interior do local onde o jovem era velado exibia a mensagem "a vida dos negros importa e todas as vidas importam."

Uma cantora acompanhada pelo som de um órgão interpretou canções religiosas, enquanto uma multidão desfilava diante do caixão para se despedir do jovem, constatou a AFP.

Broderick Johnson, chefe do órgão recentemente criado pelo presidente Barack Obama para apoiar os jovens negros (My Brother's Keeper Task Force) representou o governo no funeral.

Pouco antes do início da cerimônia, o ativista Jesse Jackson denunciou uma "epidemia de assassinatos no país".

"Nos tornamos muito violentos, cheios de ódio", disse o pastor em entrevista coletiva, denunciando a pobreza de cidades como Baltimore como "uma arma de destruição em massa".

Desde o anúncio da morte de Freddie Gray, manifestações ocorrem quase que diariamente em Baltimore.

Manifestações diárias

Desde o anúncio da morte de Freddie Gray, há protestos quase que diariamente em Baltimore.

Na madrugada de sábado para domingo, as manifestações terminaram com 34 pessoas detidas e seis policiais levemente feridos.

Imagens feitas de helicópteros por redes de TV mostraram a multidão atirando cones, garrafas e lixeiras contra policiais, antes de quebrar vidraças e saquear lojas.

Mais de um milhão de pessoas exigiram o esclarecimento das circunstância da morte do rapaz e o fim da violência policial contra a população negra.

As autoridades deram início às investigações --entre elas uma investigação federal pelo Departamento de Justiça-- para determinar as causas dos ferimentos e da morte de Freddie Gray.

De acordo com os advogados da família, quando ele morreu, sua coluna vertebral estava fraturada na altura da cervical.

Vídeos da detenção de Gray, gravados por transeuntes, mostram como a polícia agiu violentamento ao jogá-lo no chão. Segundo as imagens, o jovem gritava de dor antes de ser levado em uma viatura policial, que fez três paradas sem explicação no trajeto até a delegacia. Seis policiais envolvidos estão suspensos até que sejam entregues os resultados da investigação, no dia 1º de maio.

O caso de Freddie Gray é o mais recente em uma série de mortes de negros americanos desarmados pela polícia.

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