Putin critica o 'jogo duplo' dos EUA na Síria
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Alexei Druzhinin, RIA-Novosti, Kremlin Pool Photo/AP
O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou nesta quinta-feira (22) o que chamou de "jogo duplo" das nações ocidentais com os "terroristas" na Síria, ao mesmo tempo em que o Exército russo dizia ter deixado "fora de combate" muitos deles.
"É sempre difícil manter um jogo duplo: dizer que lutam contra os terroristas e, ao mesmo tempo, tentar se servir de uma das partes para introduzir seus peões no tabuleiro de xadrez do Oriente Médio para buscar seus próprios interesses", declarou Putin.
"É impossível vencer o terrorismo se estiverem usando parte dos terroristas como instrumentos para derrubar regimes indesejáveis", enfatizou.
Para Putin, "é uma ilusão acreditar que depois será possível se livrar eles".
"Não se pode jogar com palavras e classificar os terroristas em moderados e não moderados. Que diferença faz? Provavelmente eles devem decapitar as pessoas de modo moderado ou com cortesia", ironizou.
A Rússia, que realiza bombardeios na Síria desde 30 de setembro, afirma que esses ataques visam a debilitar tanto os jihadistas do grupo Estado Islâmico como outros "terroristas", mas Washington afirma que a verdadeira intenção de Moscou é apoiar as forças leais ao presidente sírio, Bashar al Assad.
Assad fez uma "visita de trabalho" a Moscou na terça-feira à noite, durante a qual reuniu-se com Putin.
Os Estados Unidos lideram uma coalizão de países que realizam ataques aéreos contra o EI em território sírio desde setembro de 2014, poucas semanas depois de iniciar ações parecidas no Iraque.
Nesse contexto, os ataques aéreos russos deixaram "fora de combate" os principais "grupos terroristas" na Síria, afirmou nesta quinta-feira o líder da intervenção militar russa no país, general Andrei Kartapolov, segundo agências de notícias russas.
"Como consequência dos ataques aéreos russos, as principais unidades de grupos terroristas, que contam com os combatentes mais bem treinados, ficaram fora de combate, com sua organização e abastecimento perturbados (...), escassez de munição, de armas de combustível", declarou o general.
Segundo Kartapolov, os aviões russos destruíram 819 "alvos terroristas", inclusive centros de comando, depósitos de munições e campos de treinamento.