Pagodeiro acusado de matar a ex pode se apresentar hoje, diz advogado
-
Edson Lopes Jr./Folhapress
Durante entrevista concedida em 2010, Evandro usou uma peruca, barba falsa e óculos escuros
Adiado em maio, o novo júri do pagodeiro Evandro Gomes Correia Filho, acusado de matar a ex-mulher, a operadora de caixa Andréia Cristina Nóbrega Bezerra, e de tentar matar o filho dos dois, Lucas, em 2008, deve começar na manhã desta quarta-feira, 11, no Fórum Criminal de Guarulhos, em São Paulo. Após três anos foragido, ele poderá se apresentar ao interrogatório no banco dos réus. Ao menos é o que promete seu advogado, Ademar Gomes, que afirma não falar com ele há quinze dias.
O julgamento foi agendado para as 10h. "Ele está no Nordeste e está vindo. Não sei muito sobre o paradeiro dele", afirma o defensor, que depois de apresentar novas provas acabou por adiar a primeira data do júri, em maio. O promotor do caso, Rodrigo Merli Antunes, pediu que o juiz rejeitasse as provas. Por precaução, o material foi levado à perícia.
Segundo o relatório do Instituto de Criminalística (IC) entregue na semana passada, o celular do réu já era fabricado em 2007 - não foi especificado a data de aquisição do objeto. Foram transcritas mensagens que a vítima teria mandado a ele, nas quais ela pedia dinheiro. A defesa quer mostrar que Andréia tinha problemas psicológicos e morreu porque se suicidou. Supostos bilhetes de despedida datados de antes da morte foram apresentados à Justiça.
Na versão do réu, Andréia não aceitava o rompimento do relacionamento e queria que os dois criassem juntos o filho. Ela o procuraria insistentemente e, na data do crime, tomou uma atitude "possessiva e ciumenta" e se desesperou quando descobriu que o ex tinha outro filho.
Andréia morreu após cair da janela do terceiro andar do prédio onde morava, em Guarulhos, enquanto o menino foi internado com uma fratura do maxilar, após cair sobre a marquise da edificação. A polícia diz que ela se jogou porque o pagodeiro a ameaçou com uma faca. O filho, hoje com 9 anos, está entre as testemunhas de acusação, que quer mostrar que o réu é violento. "Vamos tentar demonstrar por testemunhas que ele (Evandro) infernizava a Andréia", diz o promotor. "Mesmo com outros relacionamentos e outro filho, ela era a primeira mulher dele. É o primeiro amor que ele não poderia perder".
Para a defesa, a vítima estava, na verdade, desequilibrada. Ex-namoradas que teriam sido perseguidas pela mulher darão o seu depoimento, segundo o advogado. Um parecer do psiquiatra forense será mostrado ao júri para confirmar a linha de defesa de que Andréia estava fora de si.
Para o novo júri, foram também reunidos pela defesa vídeos para serem mostrados aos jurados que não estavam previstos na primeira tentativa de audiência. A maioria são reportagens de TV, nas quais o próprio advogado do réu é o entrevistado. Há também o filme 'Amar foi a minha ruína', de 1955. A protagonista é uma mulher que engana o marido e comete vários crimes por um ciúme descontrolado.