Manifestantes invadem sede da polícia e do governo em Bangcoc, na Tailândia
Após dois dias de confrontos nas ruas de Bangcoc, os manifestantes contrários ao atual governo conseguiram entrar nesta terça-feira (3), sem resistência, na sede da Polícia Metropolitana e na Casa do Governo na capital tailandesa.
O chefe da autoridade metropolitana, o general Kamronvit Thoopkrachang, afirmou durante a manhã à imprensa que os agentes não utilizariam gás lacrimogêneo e permitiriam que os manifestantes entrassem na sede das autoridades e lá permanecessem o tempo que quisessem, informou o jornal "Bangcoc Post".
"Os escritórios pertencem ao povo e foram construídos com o dinheiro de seus impostos", declarou o chefe policial.
O líder do movimento de oposição, o ex-vice-primeiro-ministro no governo do Partido Democrata (2008-2011) Suthep Thaugsuban, convocou seus seguidores a concentrarem suas forças na investida contra o quartel policial durante o seu discurso na noite de ontem.
As carcaças de pelo menos oito caminhões da polícia que foram incendiados estão na entrada da Casa do Governo, conforme observou a Agência Efe, após os fortes enfrentamentos da última noite, quando os manifestantes antigovernamentais lançaram dezenas de coquetéis molotov e bombas contra as autoridades.
No domingo e na segunda-feira, os policiais tentaram dispersar os manifestantes com gás lacrimogêneo, canhões de jatos d'água e disparos de bala de borracha, enquanto os seguidores de Suthep respondiam com pedras, garrafas e bombas caseiras, ao mesmo tempo em que tentavam remover as barricadas de cimento que cercavam os edifícios.
Durante a transmissão ao vivo do canal "Blue Sky", que apoia as manifestações contra o governo, era possível ver os agentes antidistúrbios recuarem, enquanto os manifestantes tentavam remover as barreiras e cercas de arame farpado para conseguirem ter acesso ao edifício governamental.
Após conseguirem o acesso, vários manifestantes e membros da polícia se cumprimentaram com efusivos abraços, apertos de mão e posaram para fotografias.
O Centro Erawan para Emergências informou em seu último relatório que 119 pessoas ficaram feridas durante as manifestações de ontem, três delas por ferimento de bala e a maioria com problemas derivados da inalação de gases tóxicos.
A primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, declarou ontem à imprensa que não pensa em renunciar, conforme as exigências dos manifestantes antigovernamentais. Yingluck voltou a oferecer o diálogo como uma saída para se superar a crise política.
Yingluck classificou as reivindicações do líder dos protestos para que ceda o poder para um conselho popular como "inaceitáveis" e "inconstitucionais", após se reunir com Suthep na noite da segunda-feira em um encontro organizado pelos chefes do Exército.
Os manifestantes acusam o governo eleito de corrupção e de ser comandado "de facto" pelo primeiro-ministro deposto e irmão mais velho da atual primeira-ministra, Thaksin Shinawatra.
Pelo menos três pessoas morreram durante os enfrentamentos entre seguidores e opositores do Executivo na noite do último sábado nas proximidades da Universidade de Ramkhamhaeng e do estádio Rajamangala, no noroeste da capital.
A Tailândia vive uma grave crise política desde o golpe militar que derrubou ao governo de Thaksin em 2006.
Thaksin e sua irmã contam com grande apoio entre as classes baixas e nas áreas rurais do nordeste, enquanto grande parte de seus opositores procedem das classes médias e altas urbanas e de setores próximos do Exército e da monarquia.