Chefe do Exército da Tailândia se autoproclama primeiro-ministro

O chefe do Exército da Tailândia, o general Prayuth Chan-ocha, se autoproclamou primeiro-ministro provisório do país nesta sexta-feira (23), depois que os militares tomaram o poder ontem em um golpe de Estado.

O Conselho Nacional para a Paz e a Ordem (CNPO), o nome oficial da junta militar comandada por Prayuth, informou em comunicado que o general assumirá as funções administrativas do cargo de primeiro-ministro até que se encontre um novo candidato definitivo.

"Já que as leis estipulam que o primeiro-ministro autoriza ações sob a lei, o líder do CNPO, ou os indivíduos designados por ele, assumirão por enquanto a autoridade", disse o comunicado, segundo o jornal "Bangkok Post".

Prayuth, que há três dias declarou a lei marcial no país, assumiu ontem todos os poderes após considerar que as tentativas de um acordo entre o Executivo interino e os antigovernamentais fracassaram.

Nas 16 horas seguintes ao golpe, a junta militar emitiu duas ordens e 19 anúncios através das emissoras de rádio e televisão do país, que suspenderam suas programações e só transmitem músicas patrióticas e boletins de notícias do "Canal 5", de propriedade do Exército.

Em um desses comunicados, o Exército convocou à ex-primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, e os 22 membros de seu clã familiar e partido político para que compareçam hoje diante das autoridades militares.

O Conselho Nacional para a Paz e a Ordem, o nome oficial da junta militar, decretou o toque de recolher, proibiu as reuniões públicas, suspendeu a Constituição e ampliou a censura aos meios de comunicação para incluir também os estrangeiros.

Também pediu que os funcionários do alto escalão assumissem as funções dos ministros depostos e decretou o fechamento de todas as escolas até domingo.

Entenda a crise na Tailândia
  • Lalo de Almeida/Folha Imagem
    Histórico de golpes
    A Tailândia possui um longo histórico de golpes de Estado: foram 18 desde 1932. O último, em 2006, derrubou o premiê Thaksin Shinawatra (f), irmão mais velho de Yingluck, a chefe de governo destituída em maio. A crise atual é mais um capítulo da luta de poder --entre o magnata das telecomunicações Thaksin e a oposição monarquista-- que deixa o país à beira de uma recessão e de uma guerra civil.
  • Pongmanat Tasiri/Efe
    Protestos de 2010
    Em 2010, manifestantes "vermelhos" (pró-governo, que têm o apoio de camponeses, dos mais pobres e dos críticos da monarquia) ocuparam por semanas o centro de Bancoc para exigir a volta de Thaksin. O Exército interviu, atirando várias vezes contra a multidão, e mais de 90 pessoas morreram. A ação, porém, não não impediu a eleição de Yingluck (f), um ano mais tarde.
  • Damir Sagolj/Reuters
    Protestos recentes
    Os "amarelos" (elite pró-monarquia e anti-governo), apoiados pela cúpula militar, mais uma vez tentam recuperar o poder, alegando que o dinheiro dos Shinawatra corrompeu a democracia. Como não têm votos para ganhar uma eleição, apelam para o Exército. Desde novembro de 2013, 28 pessoas foram mortas e 700 ficaram feridas nos protestos contra o governo.
  • Wason Wanichakorn/AP
    Lei marcial e golpe
    O Exército declarou em 20 de maio a lei marcial, que lhe dá amplos poderes, para "preservar a ordem e trazer de volta paz". Em seguida, soldados ocuparam estações de TV e rádio em Bancoc - tanto pró e antigoverno - e se mudaram para o prédio do governo atualmente desocupado. Dois dias depois, o chefe do Exército anunciou o golpe de Estado na TV. Os "camisas vermelhas" prometeram represálias.

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