Crise e corrupção fazem apoio ao governo espanhol despencar

  • Eloy Alonso / Reuters

MADRI, 3 Mai (Reuters) - O apoio popular ao governo espanhol de centro-direita despencou em razão de um importante escândalo de corrupção e da continuada recessão, e a população continua pessimista com as perspectivas políticas e econômicas, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira.

Metade dos espanhóis considera a situação "péssima" e qualifica a corrupção como o segundo pior problema da Espanha, atrás do desemprego, segundo a pesquisa feita em abril pelo Centro de Investigações Sociológicas (CIS), um órgão governamental, que ouviu 2.482 pessoas.

O desemprego no recorde, alegações de corrupção e medidas de austeridade derrubaram o apoio aos dois principais partidos políticos do país, o governista Partido Popular (PP) e o socialista PSOE, o principal da oposição.

Se uma eleição geral fosse realizada hoje, o primeiro-ministro Mariano Rajoy, do PP, teria 34 por cento dos votos, um ponto percentual a menos do que na pesquisa de janeiro. Em novembro de 2011, ele foi eleito com 44,6 por cento.

A pesquisa mostra ainda que 56 por cento das pessoas não confiam em Rajoy, o que reflete as suspeitas de corrupção na cúpula do PP que vieram à tona neste ano. O premiê nega que ele ou seu partido tenham cometido qualquer irregularidade.

Num país onde o desemprego chega ao recorde de 27 por cento, os protestos nas ruas são cada vez mais comuns, chegando a reunir mais de 1 milhão de pessoas no 1º de Maio. Também têm sido comuns aglomerações para escrachar políticos diante das suas casas, um tipo de protesto condenado duramente pelo PP.

O PSOE também fica abalado pela sensação dominante de que todos os políticos são corruptos. A intenção de voto no partido socialista caiu de 33,4 por cento no começo do ano para 28,2 por cento agora, e seu líder, Alfredo Pérez Rubalcaba, não inspira confiança em 53 por cento dos entrevistados.

Quem mais se beneficia politicamente com a crise é o pequeno partido centrista União, Progresso e Democracia (UPyD), que saltou de 3,5 para 7,4 por cento das intenções de voto em um ano. Outros partidos alternativos, como o Esquerda Unida (IU), também cresceram.

Após sete trimestres consecutivos de contração econômica, mais da metade dos espanhóis acha a situação econômica "péssima", e 36 por cento consideram que ela ainda vai piorar no próximo ano.

A próxima eleição geral na Espanha está prevista para 2015.

(Reportagem de Clare Kane)

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