Pós-Carnaval do Monobloco no Rio tem homenagem a cantoras brasileiras
O sol não deu trégua para os 300 mil foliões, segundo dados dos organizadores, que curtiram o 19º desfile do Monobloco. Depois de passar por São Paulo e Belo Horizonte, o Rio recebeu em clima de paz o "Abram Alas pra Elas - Homenagem às Mulheres da Música Brasileira".
Comandado por Pedro Luís, neste ano a bateria tem como rainha a cantora Thaís Macedo. Ela fez uma participação com o "Canto das Três Raças" e "Portela na Avenida", famosos sambas na voz de Clara Nunes. "Eu era foliã do Monobloco nos tempos de escola. Curti muitos carnavais brincando, agora estou aqui para representar toda essa alegria e contagiar as pessoas com essa energia que só o Monobloco tem", disse a cantora.
A presença feminina é majoritária nas três baterias nas cidades onde o bloco desfila. Só no Rio, dentre os 190 ritmistas, 114 são mulheres, a maioria em instrumentos como tamborins e chocalhos, mas também em surdos e repiques.
Pela primeira vez tocando surdo no Monobloco, a química de petróleo Fernanda Albuquerque estava eufórica ao terminar a apresentação da primeira turma formada ano passado na oficina do bloco. "Foi sensacional, uma experiência ímpar. Passamos o ano passado inteiro treinando e foi incrível. A mulher pode tocar o que ela quiser".
Em 2019, pela primeira vez, assédio é crime e ao longo do Carnaval, vários blocos anunciaram apoio à campanha "Não é não", contra o assédio sofrido pelas mulheres. A cantora do Monobloco, Mariá Pinkusfeld acredita que a mulher foi a grande protagonista de todo o período de folia e vê com esperança uma relação mais respeitosa dos homens com as mulheres.
"Claro que temos muito que caminhar, mas já vejo homens querendo ter mais empatia com a nossa causa. Acho que o Carnaval passado foi menos consciente do que esse e o do ano que vem será mais consciente do que esse", acredita ela.
A multidão foi à loucura com o "baile funk do Monobloco", quando a banda e os batuqueiros emendaram sucessos como "Medley da Gaiola", "Piscininha, Amor" e "Vai Malandra" e uma sequência com músicas de Jorge Ben Jor ("Taj Mahal", "Fio Maravilha" e "País Tropical").
O público lotou as vias na região central para dançar e cantar clássicos da música brasileira, do forró ao frevo, da MPB ao samba e também pop e axé. Diversidade de som e de foliões. Adultos, idosos e jovens. Todos cantaram os hits embalados pelo batuque da bateria do Monobloco. Até o fim da apresentação não houve incidentes, nem a Polícia Militar foi acionada.
Para dois dos fundadores do Monobloco, o maestro Celso Alvim e o cantor Pedro Luís, o Carnaval 2019 foi um grande exemplo de que não se pode conter, nem censurar a expressão cultural e popular. "Esses dias foram uma resposta clara aos governos que estão tentando limitar a expressão popular. O Carnaval mostrou que a diversidade, a liberdade e a democracia estão com o brasileiro e estão nas ruas. E nunca vão deixar de estar", afirmou Celso.
Pedro Luís acrescentou citando o desfile da Estação Primeira de Mangueira. "Tenho certeza que nem todo mundo que está dentro da Mangueira está do mesmo lado politicamente falando. As pessoas pensam diferente, mas foram capazes de comungar de uma festa e deram um exemplo para os brasileiros que precisam ser mais respeitosos uns com os outros", disse Pedro Luís.
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