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Adversários avaliam se irão a novos debates com presença de Marçal

As campanhas dos demais candidatos a prefeito de São Paulo reavaliam a participação em debates eleitorais depois do tumulto causado por Pablo Marçal (PRTB) nos dois primeiros eventos.

Um dos candidatos, José Luiz Datena (PSDB), disse ao podcast A Hora que está inclinado a não comparecer mais se precisar dividir o palco com o adversário.

Estrategistas temem que Marçal, com sua estratégia de viralizar nas redes e financiar seguidores que replicam seus conteúdos, acabe pautando a agenda da campanha eleitoral. Pensam maneiras de evitar cair na armadilha e pautar eles próprios a eleição.

Uma análise das buscas pelos nomes dos candidatos a prefeito de São Paulo no Google mostra que Marçal, a despeito de sua grande vantagem em seguidores e engajamento nas redes sociais sobre os rivais, não desperta muito mais interesse que os rivais - salvo durante e depois dos debates.

Nessas ocasiões, o interesse por Marçal aumenta até 100 vezes. Embora as buscas pelos adversários também cresçam, as por Marçal crescem de três a cinco vezes mais. Tudo graças ao que ele apronta no palco contra os rivais.

No debate de quarta-feira (14), feito pelo jornal Estado de S.Paulo e pelo portal Terra na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), Marçal provocou Guilherme Boulos (PSOL), dizendo que iria "exorcizá-lo" com uma carteira de trabalho. Boulos tentou dar tapas no documento, a equipe de Marçal filmou a reação do adversário, publicou nas redes sociais e imediatamente viralizou.

Essa foi a cena que marcou o debate, mas, mesmo quando não estava no centro do palco, Marçal dava jeitos de trazer os holofotes para si. Por exemplo, virou sua cadeira de costas para o púlpito enquanto Boulos e Tabata Amaral (PSB) discutiam propostas.

Há um efeito inesperado da tática de Marçal, porém. Ele acaba aumentando o interesse também pelo concorrente com quem se defrontou mais fortemente no debate. Aconteceu primeiro com Tabata, mas mais fortemente com Boulos. Mesmo que negativamente, ele torna seus adversários mais conhecidos e estimula a curiosidade dos eleitores sobre eles. Pode ajudá-los sem querer.

Além disso, pesquisas qualitativas feitas durante os dois debates mostraram uma forte rejeição às atitudes de Marçal, principalmente por eleitores do sexo feminino e por eleitores mais pobres.

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Marçal não é um bolsonarista de cartilha. Apesar de ter relação próxima com o ex-presidente Jair Bolsonaro, ele tem desavenças públicas com dois dos seus filhos, o deputado federal Eduardo e Carlos, vereador no Rio. Marçal sustenta outras divergências políticas. Por exemplo, ele poupou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, após a revelação de mensagens trocadas entre seu gabinete e um perito do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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