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Filipe Martins negou à PF ter entregue minuta golpista a Bolsonaro

O ex-assessor do Palácio do Planalto Filipe Martins negou, em depoimento prestado à Polícia Federal nesta quinta-feira (22), ter redigido, auxiliado na redação ou entregue qualquer minuta de decreto golpista ao então presidente Jair Bolsonaro no fim de 2022, após a derrota nas eleições.

Martins, alvo de prisão preventiva desde o último dia 8, foi um dos investigados que prestaram depoimento de forma simultânea nesta quinta. Bolsonaro ficou em silêncio diante dos investigadores. Filipe Martins também não quis responder às perguntas da PF, mas pediu aos investigadores para fazer esclarecimentos diante das acusações contra ele e negou envolvimento com os fatos, de acordo com relatos de fontes que acompanham o caso.

Em trecho de sua delação premiada revelado em setembro do ano passado pelo UOL, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Martins entregou uma minuta de decreto golpista a Bolsonaro, que previa a prisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e a convocação de novas eleições. Esse documento posteriormente foi discutido entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas. Apenas o chefe da Marinha, Almir Garnier, deu manifestação favorável à empreitada golpista.

A PF conseguiu provas para corroborar parte do relato de Cid, como as entradas de Filipe Martins no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, além de mensagens nas quais Cid relata que Bolsonaro estava fazendo alterações em um documento de teor golpista. De acordo com a apuração, Martins foi ao encontro de Bolsonaro acompanhado do jurista Amauri Feres Saad e de um padre.

Em seu depoimento, Filipe Martins negou ter participado de reuniões para discutir medidas golpistas com Bolsonaro e também negou ter auxiliado na redação de qualquer decreto prevendo convocar novas eleições ou realizar a prisão de adversários.

Os investigadores, entretanto, avaliam que as provas já obtidas até o momento apontam para o envolvimento de Filipe Martins na empreitada golpista, conforme relatado por Mauro Cid.

O ex-assessor ainda disse à PF que não fugiu do país em dezembro de 2022 e que permaneceu em seu domicílio no Brasil.
Procurada, a defesa de Filipe Martins não quis comentar o teor das suas declarações. Em nota, os advogados João Vinícius Manssur, William Iliadis Janssen e Ricardo Scheffer afirmaram que ele está "inconformado" com a prisão.

Leia a íntegra da nota:

"O depoimento do sr. Filipe Martins, como era de se esperar, foi claro e objetivo. O Filipe está tranquilo, mas inconformado com a sua prisão, que julga precipitada e ilegal. Aguardamos agora a decisão referente ao requerimento de revogação da prisão preventiva, pontuando que essa só deve persistir em casos excepcionalíssimos, quando a liberdade em si for um risco, o que demonstrado não ser o caso de Filipe, sob pena de a medida se transmutar em um cumprimento antecipado de uma eventual e absolutamente incerta pena, que naturalmente só poderá ser determinada após o trânsito em julgado, e não antes, em respeito ao princípio constitucional da presunção de inocência. Temos confiança que uma análise sóbria e técnica levará à sua colocação em liberdade" João Vinícius Manssur, William Iliadis Janssen e Ricardo Scheffer, advogados de Filipe Martins

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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