Cid disse à PF que Braga Netto tentou descobrir detalhes de sua delação
A prisão do ex-ministro Walter Braga Netto, decretada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e cumprida neste sábado pela Polícia Federal, foi fundamentada com base no último depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação premiada e em provas colhidas pela PF na sala de um assessor de Braga Netto.
O tenente-coronel disse aos investigados que Braga Netto tentou descobrir detalhes do conteúdo de sua delação premiada, quando foi assinada com a Polícia Federal em setembro do ano passado. Isso poderia caracterizar, na análise dos investigadores, o crime de obstrução de Justiça.
Essa revelação já tinha uma prova concreta. A PF havia apreendido, na sala do coronel Flávio Peregrino, que é assessor de Braga Netto, um documento com informações do conteúdo da delação de Cid. Ao concluir o inquérito do plano do golpe, a PF apontou essas suspeitas de vazamento para Braga Netto.
No depoimento prestado no dia 5 de dezembro, após ter ficado sob risco de perder seu acordo de delação, Cid foi questionado pela PF sobre o assunto e disse que o general procurou seu pai, também general da reserva, para tentar obter informações.
"Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado. Isso fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, ele não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado. Tanto que o meu pai na resposta, que é aquela de terceiro, disse não, o Cid falou que não era", afirmou.
Cid também narrou detalhes sobre a participação de Braga Netto no financiamento dos 'kids pretos', os militares das Forças Especiais que estavam monitorando os passos do ministro do STF Alexandre de Moraes, citando que o candidato a vice de Jair Bolsonaro deu dinheiro em caixas de vinhos para eles.
A defesa de Braga Netto ainda não se manifestou.
Na semana passada, advogados do general negaram que ele tenha coordenado uma tentativa de golpe. A defesa diz que Braga Netto não tratou de um suposto golpe e "muito menos do planejamento para assassinar alguém".
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