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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Aécio sensibiliza Leite com apelo por 'sobrevivência' do PSDB

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, no Palácio Piratini - Tiago Coelho/UOL
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, no Palácio Piratini Imagem: Tiago Coelho/UOL

Colunista do UOL

23/03/2022 12h11

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O grupo liderado por Aécio Neves (MG) no PSDB busca convencer Eduardo Leite de que a "sobrevivência" do partido depende do governador do Rio Grande do Sul. De acordo com o deputado mineiro, Leite tem tudo para ser o novo líder nacional dos tucanos, independentemente do resultado das próximas eleições.

Em termos práticos, significa acenar para Leite, que tem 37 anos de idade, com o apoio a uma candidatura presidencial neste ano ou em 2026. No entender de Aécio, porém, a construção dessa nova liderança começa agora, ou seja, o governador precisa ajudá-lo imediatamente a evitar que o PSDB se transforme em um partido "irrelevante" se continuar insistindo em João Doria (PSDB) como candidato ao Planalto.

Esses e outros argumentos foram levados a Leite pelo próprio Aécio Neves em reunião recente. Leite, derrotado por Doria nas prévias presidenciais tucanas, tem proposta de trocar o PSDB pelo PSD. Segundo apurou a coluna, o deputado mineiro, um dos mais experientes tucanos em plena atividade, insistiu que um eventual fracasso de Doria, como indicam as mais recentes pesquisas de intenção de voto, deverá fragilizar o projeto congressual tucano e comprometer a sobrevivência do partido.

Aécio disse que, com a alta rejeição de Doria como candidato, o PSDB será engolido pela polarização Lula-Jair Bolsonaro nas urnas este ano e pelos partidos do centrão no Congresso a partir de 2023. Não se trata mais de vitória ou derrota em outubro, mas do dano que Doria vai causar ao projeto tucano, teria dito o deputado federal a Leite.

Segundo a média das mais recentes pesquisas, a rejeição do eleitor a Doria permanece muito alta, em contraste com seus índices de intenção de voto. Leite, provavelmente por ser menos conhecido, possui baixa rejeição, mas também patinou na rabeira quando foi testado nas sondagens,

Ainda de acordo com a estratégia de Aécio, Leite é o único em condições de enfrentar Doria imediatamente. Para isso, tem de permanecer no partido e fazer a luta política interna contra o grupo do governador de São Paulo. Os argumentos teriam "sensibilizado" Leite, que esteve muito próximo de aceitar o convite do PSD.

No PSD, lembrou Aécio no encontro, Gilberto Kassab, presidente do partido, tem boas relações com Lula, enquanto vários parlamentares da sigla querem apoiar Bolsonaro ou o ex-presidente petista. Portanto, além do dano de imagem por ter deixar o PSDB após a derrota nas prévias, Leite também não teria a garantia da candidatura neste ano.

A decisão de Leite deve ser tomada nos próximos dias. No grupo de Aécio surgiu a informação de que Doria poderia desistir do projeto presidencial para concorrer ao Senado, o que o governador de São Paulo e seus aliados negam com veemência.