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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Moro busca apoio popular contra caciques e novo 'downgrade' eleitoral

Colunista do UOL

26/04/2022 04h01

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A entrada do Podemos no governo de São Paulo amplia ainda mais a aliança em torno de Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas também cria um problema para os envolvidos na articulação: há medalhões demais e apenas três candidaturas majoritárias no Estado. Esse é um dos motivos que levaram Sergio Moro (União Brasil) a afirmar ao UOL que não sairá candidato a deputado federal.

O ex-juiz da Lava Jato sabe que, se admitir essa possibilidade, verá suas chances de disputar o Senado ou até mesmo de ser vice de Garcia reduzidas. Outro motivo é que, recém-chegado ao partido, Moro não conta com a simpatia de todos os dirigentes e, por isso, busca na opinião pública seu maior apoio para se cacifar. Ou seja, sua costura é de "fora para dentro", como explica um colega dele na sigla. Quer evitar um novo "downgrade" (rebaixamento) na escala político-eleitoral, já que até recentemente ele constava em todas as listas de presidenciáveis.

Na direção paulista da União Brasil, criada a partir da fusão do DEM com o PSL, e nos demais partidos da aliança a veemência com que Moro deixou claro que não aceita concorrer à Câmara dos Deputados foi entendida como uma tentativa de "constranger" a coligação e de conclamar seus seguidores, antigos e fervorosos fãs da Lava Jato, a pressionar os comandos partidários a darem a ele a garantia de que concorrerá ao Senado.

Em síntese, a declaração de Moro foi lida dentro da aliança como um movimento arrojado de Moro, a exemplo do que fez o João Doria recentemente quando ameaçou não entregar o governo a Garcia, que era seu vice. O ex-juiz, porém, diz apenas não se interessar por uma vaga na Câmara dos Deputados e sustenta que pode auxiliar o partido mesmo sem ser candidato a nada.

Enquanto a situação não se define, Moro continuará empenhado em manter sua relevância no debate público, seja por meio de entrevistas, agendas públicas ou redes sociais. Ele também cultiva boa relação com o MBL (Movimento Brasil Livre), abrigado na União Brasil. Segundo apurou a coluna, o ex-juiz avalia que uma boa posição em eventuais pesquisas poderá atrair para ele a predileção de Garcia para ficar com a vaga. Por ora, o governador tem focado em suas ações à frente do estado e procurado manter distância regulamentar dos bastidores.

Até agora, estão acertados com o governador tucano Garcia, candidato à reeleição, União Brasil, MDB, Solidariedade e Avante, além de parte significativa do PL e do PP e mais alguns apoios pontuais do PSD.

Além de Moro, sonham com a vaga de candidato a vice de Garcia ou com a vaga de candidato ao Senado na chapa medalhões como o ex-ministro Henrique Meirelles, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, (esses dois pelo próprio União Brasil de Moro), o ex-secretário de Saúde da capital paulista Edson Aparecido (MDB) e o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Podemos).

Leite é hoje um dos principais caciques do União Brasil em São Paulo e um dos mais influentes políticos nas máquinas do governo estadual e da prefeitura da capital. A pretensão dele de concorrer ao Senado é vista com certo ceticismo nos bastidores. O movimento é entendido como um recado a Moro de que o partido não facilitará o caminho do ex-juiz no estado. O deputado federal Alexandre Leite, filho de Milton, tem cargo na direção estadual da sigla.

Aparecido conta com o apoio do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), e estaria muito perto da vaga de vice. Meirelles possui a simpatia do próprio Rodrigo Garcia. Professor e escritor, Heni Ozi Cukier tem a seu favor o fato de ser um nome novo na política, o que daria ares de "renovação" à chapa do atual governador, além de ter muita inserção nas redes sociais.

Nos bastidores, a possibilidade de o ex-governador João Doria (PSDB) desistir de concorrer a presidente e se interessar pelo Senado também não está descartada. Diante de tantas opções, segundo apurou a coluna, a única certeza até agora é: não existe reserva de vaga nem para os caciques, o que explica a estratégia de Moro.