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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Milton Leite avalia alterar regimento para comandar Câmara de SP até 2023

O vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo - Richard Lourenço/Rede Câmara
O vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo Imagem: Richard Lourenço/Rede Câmara

Colunista do UOL

31/05/2022 12h35Atualizada em 31/05/2022 12h35

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Um dos principais caciques da União Brasil e homem forte da administração Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo, o vereador Milton Leite, com apoio de aliados, se movimenta nos bastidores da Câmara Municipal para alterar o regimento da Casa e permanecer no comando do Legislativo paulistano por mais um mandato.

Leite foi reeleito presidente do Legislativo paulistano em dezembro de 2021 para um mandato de um ano. Ou seja, pelas regras atuais, ele tem de deixar o cargo no final deste ano. Conforme apurou a coluna com outros vereadores e com auxiliares da Casa, Leite, porém, não descarta a possibilidade de mudar, legalmente, as normas para tentar ficar na cadeira até o final de 2023.

Consultada pela coluna, a assessoria técnica da Mesa Diretora respondeu que o plenário da Casa tem poderes para mudar o regimento nesse sentido. Para isso, é necessário alterar a Lei Orgânica do Município em duas votações de quórum qualificado (37 dos 55 vereadores). Segundo a Procuradoria da Câmara, ainda não foi feita nenhuma consulta nesse sentido.

O presidente da Câmara, por meio de sua assessoria, não confirmou a articulação para mudar o regimento, disse apenas que "a Câmara ainda tem muito trabalho pela frente este ano, antes de 15 de dezembro, dia da eleição para o próximo presidente". "Até lá, vamos nos debruçar na revisão do Plano Diretor e nos projetos urbanísticos. O que posso garantir de imediato é que para os bons projetos do Executivo não faltará apoio para aprovação", disse.

Leite é reconhecido na política paulistana como uma espécie de "primeiro-ministro" da administração de Nunes na capital. Sob o comando legislativo do cacique da União Brasil, o prefeito vem colhendo vitórias expressivas. Em contrapartida, o presidente da Câmara mantém aliados em postos importantes do Executivo municipal. Ele também possui influência no governo estadual paulista, comandado por Rodrigo Garcia (PSDB).

No acordo que vem sendo costurado reservadamente, Leite permaneceria na presidência da Câmara até 2023 e apoiaria um vereador indicado por Nunes para sua sucessão, o que garantiria ao Executivo o controle da Casa em 2024, ano em que o prefeito deve tentar a reeleição.

Para Leite, permanecer no cargo em 2023 é estratégico, dizem seus aliados. Primeiro porque, em caso de êxito, ele se manterá bem posicionado como o primeiro na linha sucessória de Nunes (o prefeito Bruno Covas morreu no ano passado). Outro motivo apontado para a mudança no regimento é que o atual presidente trabalhará pela indicação de seu filho Milton Leite Filho para o TCM (Tribunal de Contas do Município).

Como a iniciativa de indicar o nome ao órgão no ano que vem será do prefeito municipal, o comando da Câmara contará como um fator decisivo em favor da família Leite, argumentam esses aliados.

Enquanto se movimenta internamente, Leite também acalenta o projeto de ser candidato ao Senado por São Paulo neste ano, na chapa de Rodrigo Garcia à reeleição. O cacique da União Brasil é hoje o principal obstáculo à pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro no estado.

Segundo a Câmara, o vereador Milton Leite tem 65 anos de idade e ocupa uma cadeira na Casa desde 1997. Está em seu o sétimo mandato consecutivo, para o qual foi reeleito com 132.716 votos.