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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Batalha eleitoral a partir de agora também será sobre expectativa de futuro

O ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro - Ricardo Stuckert e Alan Santos/Presidência da República
O ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro Imagem: Ricardo Stuckert e Alan Santos/Presidência da República

Colunista do UOL

14/07/2022 04h01

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A aprovação da PEC dos Benefícios, ou PEC Kamikaze, pelo Congresso, em meio ao recrudescimento da tensão política no país, deverá ter fortes impactos no cenário eleitoral e até definir o resultado da disputa, dizem governadores, parlamentares, estrategistas das pré-campanhas, analistas e pesquisadores ouvidos pela coluna. Em linhas gerais, o primeiro turno tem tudo para, definitivamente, se transformar em segundo, opondo Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que concorrerão, a partir de agora, não apenas na famosa batalha das rejeições, mas também em uma luta para convencer os brasileiros sobre quem pode melhorar suas vidas. A seguir, um resumo dos possíveis principais efeitos da medida:

1) Como a maioria dos eleitores costuma votar por expectativa de futuro, Bolsonaro joga uma carta forte na mesa: a tentativa de criar uma euforia na população, especialmente a mais carente, no sentido de que a vida poderá melhorar com ele no poder.

2) Lula terá de reforçar o que vem dizendo: com o petista a vida era melhor e só ele pode transformar, de novo, a vida dos brasileiros.

3) O pacote de bondades de Bolsonaro consolidará o presidente no segundo posto das pesquisas eleitorais, como já admite o próprio PT, e, em sentido inverso, fortalecerá ainda mais a posição de Lula, na condição de único capaz de derrotar o atual presidente.

4) Ficará, portanto, ainda mais difícil a situação da terceira via, encarnada por Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), os dois melhores colocados depois dos líderes nas mais recentes sondagens, como mostra o Agregador de Pesquisas do UOL.

5) Parcela do eleitorado intensificará sua busca pelo voto estratégico ou útil: decidirá em quem votar com base no jogo eleitoral mostrado pelas pesquisas; portanto, deverá crescer ainda mais a importância dos levantamentos.

6) Depois desse movimento estratégico, talvez haja espaço para a troca de votos entre os líderes das pesquisas, motivada, basicamente, pela rejeição que um ou outro provoca no eleitor com suas atitudes.

7) Os pontos porcentuais que estão com Lula, mas que se devem exclusivamente à rejeição desses eleitores a Bolsonaro, podem diminuir, se a rejeição ao presidente cair com as bondades ou a expectativa criadas por elas, especialmente entre o eleitorado mais pobre.

8) Os pontos que estão com Bolsonaro, mas que são de eleitores anti-PT, podem migrar para Lula, se ele se tornar um candidato mais palatável.