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Hegemônico em 2003, PT-SP teme minguar no futuro governo e pressiona Lula
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Superpoderoso nas gestões de Lula na Presidência (2003-2006 e 2007-2010), o PT paulista vive momentos de ansiedade e tensão na montagem do futuro ministério do presidente eleito: há muitos nomes da seção estadual colocados na mesa e poucas vagas para acomodá-los na Esplanada e em outros postos-chave do novo governo.
O temor dos paulistas é que, sem espaço e poder, o diretório estadual de São Paulo não tenha instrumentos para se renovar e recuperar o terreno perdido nos últimos anos no maior colégio eleitoral do país, um dos principais estados da Federação.
Nos bastidores, dirigentes do PT-SP se movimentam pelas nomeações de seus quadros e, em sentido contrário, para evitar que rivais diretos possam ganhar destaque no terceiro mandato de Lula sem que haja uma contrapartida para os paulistas. Um dos resultados dessas articulações foi a entrada de Jilmar Tatto (SP) na equipe de transição.
Outros diretórios estaduais do PT também trabalham para ganhar mais espaço e, reservadamente, seus líderes dizem que São Paulo não possui mais o peso e a representatividade do passado, seja porque o Nordeste, por exemplo, passou a ser decisivo eleitoralmente, como neste ano, seja porque falta "diversidade" à seção paulista, que apresentou, majoritariamente, homens brancos e heterossexuais como opções para compor o ministério.
Ao menos sete nomes do PT-SP estão na mesa para ocuparem cargos no próximo governo Lula: Tereza Campello (área social), Fernando Haddad (área econômica ou Educação), Edinho Silva (Secom ou Esporte), Rui Falcão (Secom), Emidio de Souza (área social), Aloizio Mercadante (Planejamento ou Relações Exteriores) e Alexandre Padilha (Saúde ou área econômica). Todos são considerados quadros históricos e preparados do partido. No entanto, se os sete forem acomodados na Esplanada, faltarão vagas para compor a coalização governista, diz um membro da equipe de transição com acesso a Lula.
Quem corre por fora é Douglas Belchior, ativista do movimento negro e integrante da equipe de transição. Ele seria uma opção para alguma pasta da área social. Porém, ele se filiou ao PT-SP apenas no ano passado.
A previsão é de que o novo mandato tenha ao menos 33 pastas. Ou seja, se emplacar todos os seus ministeriáveis, o PT-SP ocupará um quarto do Esplanada. Outra questão diz respeito ao peso dos eventuais ministérios a serem oferecidos à seção paulista da legenda. Se conseguir a nomeação de Fernando Haddad para comandar a poderosa Fazenda, por exemplo, é muito provável que outros nomes sejam preteridos em um primeiro momento.
Berço. O PT nasceu e floresceu em São Paulo, onde Lula começou sua carreira política como sindicalista na virada dos anos 70 para os 80. Desde então, o diretório paulista sempre teve protagonismo na história do partido e na era petista na Presidência. Chegou a ser hegemônico em termos de concentração de poder no primeiro mandato de Lula.
No primeiro mandato de Lula, por exemplo, o PT-SP teve Antonio Palocci na Fazenda, José Dirceu na Casa Civil, Ricardo Berzoini na Previdência Social, Luiz Marinho no Trabalho (e depois na Previdência Social), Guido Mantega no Planejamento, Fernando Haddad na Educação e Luiz Gushiken na Secretaria de Comunicação. Sem contar postos importantes no Banco do Brasil e em outras estruturas poderosas da gestão.
O diretório estadual do PT em São Paulo também presidia o partido, com José Genoino, no início do primeiro governo Lula. Agora, quem está no comando nacional é Gleisi Hoffmann, do Paraná, cotada para ocupar a Casa Civil a partir de 2023.
Após a reeleição do então presidente, em 2006, os "paulistas" perderam espaço, mas continuaram fortes com Haddad na Educação, Palocci da Fazenda, substituído por Mantega, Marinho no Trabalho e Marta Suplicy, então filiada ao partido, no Turismo. Praticamente essa mesma representatividade foi mantida sob Dilma Rousseff (2011-2016).
O terceiro mandato de Lula, no entanto, será diferente, dizem integrantes da atual equipe de transição entre o governo atual e o futuro. Em resumo, os motivos são, basicamente: 1) o número de ministérios deverá ser menor do que o das gestões anteriores; 2) as alianças feitas por Lula para vencer Jair Bolsonaro (PL) foram mais amplas e os representantes dos partidos aliados ganharão espaço; 3) o PT-SP esteve no epicentro de escândalos como mensalão e petrolão e sofreu muito desgaste; 4) a falta diversidade dos nomes apresentados pelo PT paulista.
Palocci e Dirceu, por exemplo, perderam seus ministérios após desgaste político e foram condenados pela Justiça. Como consequência desse período que se iniciou em 2005 com o mensalão, o PT perdeu, em 2016, 60% das prefeituras que comandava no país, entre elas, a da capital paulista.
Para complicar ainda mais a situação para o PT-SP, há nomes avulsos na lista de ministeriáveis que são paulistas, como os de Benedito Mariano, cotado para a Segurança Pública, e de Silvio Almeida, lembrado para a Justiça. Ou seja, a cota de paulistas na Esplanada ficará reduzida se eles forem contemplados.
Adversários. Enquanto trabalham por seus quadros, os dirigentes do PT-SP observam com preocupação as movimentações de Márcio França (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL), aliados no plano nacional, mas adversários em potencial no âmbito estadual. Se os dois se fortalecerem sob o novo governo de Lula, poderão ganhar espaço entre o eleitorado de centro-esquerda no estado.
Boulos é apontado como pré-candidato a prefeito de São Paulo em 2024 e França tem o sonho de voltar ao Palácio dos Bandeirantes em 2026. Por isso, segundo apurou a coluna, o PT-SP fez chegar a Lula que Haddad ou um outro nome forte do diretório estadual precisa ter posição de destaque na futura Esplanada para se manter como opção eleitoral do partido.
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