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Clima de revanchismo preocupa moderados da coalizão governista
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Alas e líderes moderados do PT e da coalizão formada em torno de Lula estão apreensivos com o clima de revanchismo que começou a se instalar em Brasília e ganhou as redes sociais. Na posse do presidente, a multidão que acompanhava o discurso no Palácio do Planalto entoou o coro de "sem anistia", enquanto o petista citava pontos críticos do governo Jair Bolsonaro (PL), seu antecessor.
O "sem anistia" já começa a ganhar ares de movimento e pede a responsabilização criminal de Bolsonaro por supostos crimes cometidos na Presidência. Nos bastidores do novo governo, o temor é de que ele fuja de controle e acabe também por fustigar ex-aliados de Bolsonaro, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), militares que apoiaram o ex-presidente da República e outros líderes de partidos de centro que formaram a base do governo anterior, criando uma ideia de "perseguição" ou de "caça às bruxas".
Lira é alvo de uma denúncia por corrupção no STF (Supremo Tribunal Federal) que está parada há dois anos. Ele nega as acusações. No caso dos militares, o Ministério da Saúde durante a pandemia foi comandado pelo general Eduardo Pazuello, então na ativa. Ele se elegeu deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. O temor é de que eventuais investigações sobre as mortes por covid acabem, de alguma maneira, atingindo o Exército.
Na coalizão formada em torno de Lula estão partidos de centro como MDB, PSD e parte da União Brasil. À esquerda, o PSB, o PCdoB, o PDT e a Rede também têm papel de destaque no governo. A partir de agora, os governistas trabalharam também para incluir na base congressual parte do PL, partido do próprio Bolsonaro, do PP, de Lira, e do Republicanos. O clima de revanchismo, argumentam os moderados, não ajudará nessa missão porque essas siglas estiveram com o ex-presidente durante todo o mandato.
O desafio do novo presidente e de seus ministros, segundo um desses moderados ouvidos pela coluna, é mostrar o descalabro da passagem de Bolsonaro pelo Planalto, mas sem aprofundar ainda mais a divisão entre os brasileiros, tanto que o próprio Lula, em seu discurso, também falou em "pacificação". Quanto à eventual responsabilização de Bolsonaro, ele também deu o tom na posse: deverá ficar a cargo da Justiça.
O novo ministro da Justiça, Flávio Dino, também foi na mesma linha de Lula. Falou em "pacificação nacional", mas prometeu, por exemplo, ser firme contra extremistas que atacam a democracia. Sinalizou ainda que o passado não pode ser esquecido e prometeu elucidar o assassinato da vereadora Marielle Franco.
Conforme o raciocínio dos moderados, Lula precisará mostrar ao país as condições adversas em que assume o governo. Porém, o desafio também passa por evitar ser acusado de promover o "nós contra eles", frase que os adversários historicamente utilizam para atacar o PT e fomentar o "antipetismo".
Na segunda-feira (2), no entanto, na posse de Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais, o coro de "sem anistia" também foi ouvido. Nas redes sociais, o movimento nesse sentido também começa a ganhar força e tem a simpatia de dirigentes partidários da esquerda, como a presidente do próprio PT, Gleisi Hoffmann.
A presença da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que deixou o Planalto em 2016 após sofrer um processo de impeachment, na posse de Padilha também ajudou a fomentar o clima de revanchismo. Ela foi ovacionada pela militância.
A questão do impeachment é um assunto delicado para o MDB, partido do ex-presidente Michel Temer e que faz parte da coalizão governista.
O PSOL, partido do deputado federal eleito Guilherme Boulos (SP), ingressou com pedido de prisão de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).
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