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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Radicais do PL enxergam jogo duplo de Valdemar na relação com governo Lula

Valdemar Costa Neto, presidente do PL - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Valdemar Costa Neto, presidente do PL Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Colunista do UOL

07/02/2023 10h22Atualizada em 07/02/2023 10h31

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Integrantes da ala radical do PL enxergam jogo duplo de Valdemar Costa Neto nas articulações envolvendo uma aproximação das bancadas do partido com o governo Lula (PT). Apesar de estar oficialmente na oposição, a sigla está dividida e, como mostrou a coluna, os chamados "moderados" abriram negociações com o Palácio do Planalto.

Publicamente, Valdemar continua apoiando Jair Bolsonaro (PL), porém, nos bastidores, o presidente do partido estaria liberando seus parlamentares para negociarem cargos com o governo petista. Um dos insatisfeitos com esse movimento pendular do dirigente é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A um interlocutor, Valdemar afirmou que não aprova as conversas de parlamentares do PL com o governo federal, "mas que não tem como segurar o grupo nem como proibir o diálogo". Os radicais do partido, no entanto, desconfiam que exista até um incentivo do dirigente para que as negociações avancem.

Em São Paulo, por exemplo, parlamentares ligados a Valdemar Costa Neto estão em conversas com o governo federal por cargos no Porto de Santos, onde o presidente do PL manteve influência por vários anos. Assim como no estado que é o berço político de Valdemar, as vagas de escalões inferiores e de empresas e autarquias federais em todo o país têm sido usadas pelo Planalto para seduzir não apenas o PL, mas também o PP e o Republicanos.

Também foi vista com desconfiança pelos radicais ligados ao clã Bolsonaro a aproximação entre o deputado estadual André do Prado e o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). No domingo (5), eles participaram de um encontro na Grande São Paulo, acompanhados de prefeitos do PL.

André do Prado é o favorito para ser o novo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, a partir de março próximo. Ele sempre foi apontado como um articulador da extrema confiança de Valdemar Costa Neto e ocupou cargos importantes na estrutura do PL.

Incertezas. O clima no PL é de total desconfiança. Se os radicais acham que Valdemar Costa Neto faz jogo duplo, os moderados acusam o grupo ligado a Bolsonaro de tentar explodir o partido, com o apoio a atos golpistas, e de não cumprir acordos, como o ensaio de uma candidatura contrária a Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados. As divisões e incertezas quanto ao futuro da sigla, disse um de seus líderes à coluna, favorecem as investidas do governo federal e, nos bastidores, já é dado como certo que quase metade dos 99 deputados federais do PL devem votar com o Planalto em pautas importantes.

Do grupo radical do Congresso fazem parte, por exemplo, os deputados federais Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP), Ricardo Salles (SP) e Eduardo Bolsonaro (SP) e os senadores Flávio Bolsonaro (RJ) e Rogério Marinho (RN).

A ala moderada do PL ganhou força internamente após a derrota de Marinho (RN), que tinha o apoio de Bolsonaro, na disputa pela presidência do Senado. Outro fator que tem favorecido esse grupo que não pretende manter uma posição radical de confronto com o governo Lula é a demora do ex-presidente em retornar ao Brasil. Como mostrou a coluna, líderes da oposição avaliam que Bolsonaro está perdendo todas as chances de liderar a direita e o antipetismo.

Entre os chamados moderados, estão os deputados federais Josimar Maranhãozinho (MA) e Vinícius Gurgel (AP). No Senado, Eduardo Gomes (TO) é visto como um canal de diálogo entre o PL e o governo Lula.