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Manter distância de Bolsonaro, a grande obra de Tarcísio até agora em SP
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Transcorridos quase 40 dias do mandato de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), é praticamente consenso entre novos e antigos aliados e até entre auxiliares diretos dele que o atual governador de São Paulo está encontrando dificuldades para fazer a gestão deslanchar e tirar do papel as principais promessas de campanha.
Nas palavras de um desses auxiliares, o governo Tarcísio, por ora, é uma "grande carta de intenções". As avaliações, feitas em privado, no entanto, sempre apontam o que seria o grande feito do governador neste início de mandato: a habilidade em se descolar de Jair Bolsonaro (PL) e do bolsonarismo radical, nas declarações, nos projetos e no modo de comandar, ainda mais após os atos golpistas do 8 de janeiro.
No campo dos compromissos de campanha e de projetos, aliados à direita ainda esperaram uma definição mais clara dos rumos do governo. Mesmo a promessa de tirar as câmeras dos uniformes dos policiais militares, que tanto agradou os apoiadores conservadores de direita e aos bolsonaristas em geral, ainda não foi cumprida. O governador disse que está analisando a medida.
Na terça-feira (7), o governo paulista lançou criou um comitê com líderes indígenas para acompanhar a execução de um programa que remunera povos originários prestadores de serviços ambientais e de proteção da biodiversidade em parques estaduais. A ação surgiu justamente enquanto o governo Bolsonaro, do qual Tarcísio fez parte, é acusado de genocídio dos povos yanomamis.
Até o dia 15 deste mês, Tarcísio deve analisar o projeto de lei do Legislativo que proíbe a exigência do cartão de vacinação contra a Covid para acesso a qualquer local no estado. O governador tem o poder de sancionar ou de vetar o texto, muito caro ao bolsonarismo paulista. Para aliados, a decisão poderá servir como uma bússola para quem busca entender o rumo da gestão, que tem se mostrado atenta à "agenda verde" da centro-esquerda e até sancionou um projeto de lei sobre o uso da maconha medicinal.
Supersecretarias. Em linhas gerais, a gestão estadual paulista está assentada em quatro grandes secretarias, comandadas por auxiliares ligados diretamente ao gabinete do govenador: Casa Civil, com Arthur Lima, Infraestrutura e Meio Ambiente, com Natalia Resende, Parcerias e Investimentos, com Rafael Benini, e Governo, com Gilberto Kassab.
Segundo apurou a coluna, no entanto, essas quatro pastas e o gabinete do governador ainda não encontraram a sinergia ideal.
Há também insatisfações na área da infraestrutura, por conta da suposta lentidão na retomada de obras paralisadas no estado, e na economia, com empresários esperando a prometida redução de impostos, principalmente o ICMS. Em sentido oposto, Tarcísio vetou o projeto de lei, aprovado no final do ano passado pela Assembleia Legislativa, que reduziria a alíquota do Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD), de autoria de um deputado estadual da base governista.
Na educação, o governador congelou a proposta de transformar as escolas da rede estadual em tempo integral. Outras marcas da campanha, como a transferência do governo do bairro do Morumbi para o centro de São Paulo, e o fim da cracolândia, também não decolaram. No primeiro caso, a gestão quer buscar uma PPP (Parceria Público-Privada).
No caso da cracolândia, foi lançado um pacote para tentar resolver o problema crônico dos usuários de crack que ocupam áreas da região central da capital, mas, até agora, de pouca efetividade.
Radicais. Os radicais bolsonaristas de São Paulo, na Assembleia do estado e no Congresso Federal, estão insatisfeitos com os rumos da gestão. Em evento recente na capital, Kassab disse que Tarcísio é herdeiro dos votos conservadores do PSDB e tem postura "moderada", conforme adiantou a coluna ainda na posse do governador.
Apesar de ter assumido com um discurso de posse no qual citou Jair Bolsonaro, de quem foi ministro da Infraestrutura, Tarcísio vem gradualmente se afastando do ex-chefe, enquanto cultiva uma aproximação com o governo Lula (PT). Chegou a dizer que ele e o atual presidente "são sócios" em projetos importantes, como a privatização do Porto de Santos.
Tarcísio participou da reunião de Lula com os governadores logo após o 8 de janeiro e vem adotando um discurso em torno da necessidade de "pacificação" do país, oposto ao dos bolsonaristas radicais.
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