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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Aproximação entre Lula e Tarcísio também gera desconforto no PT

Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula (PT) e o prefeito Felipe Augusto (PSDB) em pronunciamento sobre as chuvas no litoral de SP - Ricardo Stuckert/PR
Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula (PT) e o prefeito Felipe Augusto (PSDB) em pronunciamento sobre as chuvas no litoral de SP Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Colunista do UOL

22/02/2023 12h49

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Não foram apenas os radicais bolsonaristas que ficaram contrariados com os recentes afagos trocados entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Alas formadas por petistas que se posicionam mais à esquerda no espectro interno do partido também tiveram que ser contidas por assessores do presidente para que não criticassem publicamente o governador de São Paulo.

Em linhas gerais, esses petistas entendem que a cooperação entre Lula e Tarcísio não beneficia politicamente apenas o presidente, como quiseram dar a entender alguns assessores do Planalto. Porque, ao dialogar com os adversários, o governador de São Paulo se afasta ainda mais do bolsonarismo e avança em seu projeto de ser o grande líder de um bloco conservador de centro-direita no estado e no país que inclui, por exemplo, o legado do PSDB no Palácio dos Bandeirantes (1995-2022).

Ou seja, se o projeto de Tarcísio der certo, o PT continuará isolado e com dificuldades de se reconstruir no Estado de São Paulo, seu berço, mas que nunca foi governado pelo partido. Vale lembrar ainda que o governador é sempre apontado como um virtual líder da oposição a Lula se Bolsonaro não conseguir manter esse posto.

Há tensão também nas bancadas de deputados estaduais e federais de São Paulo, que ainda buscam encontrar uma maneira de fazer oposição ao governador de São Paulo e já definiram algumas pautas prioritárias. O PT-SP espera, por exemplo, o apoio de Lula contra a intenção de Tarcísio privatizar a Sabesp.

O desconforto ocorre principalmente por conta da gestão de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022. Na visão desses petistas paulistas, o então ministro negligenciou o trabalho de conservação das rodovias no estado, inclusive, da Rio-Santos, agora muito danificada pelas chuvas no litoral.

De acordo com os petistas, as rodovias federais concessionas à iniciativa privada em São Paulo também não avançaram sob Tarcísio no ministério. A duplicação da Rio-Santos, por exemplo, será feita apenas no trecho fluminense. Na visão desses petistas, o partido perdeu uma grande chance de desgastar a imagem de bom gestor de Tarcísio e, com isso, começar a encaixar um discurso contra os projetos privatistas dele para São Paulo.

O argumento utilizado para conter as tensões internas no PT foi de que a gravidade da tragédia no litoral paulista deve estar acima das lutas políticas, Mas que, no momento certo, o Planalto apoiará o partido em São Paulo na oposição a Tarcísio.

Lula e o governador se reuniram na segunda-feira (20) em São Sebastião, cidade do litoral norte paulista mais afetada pelas fortes chuvas do domingo (19). Juntos, eles falaram em união e superação de divergências políticas e ideológicas.

A aproximação gerou estresse entre bolsonaristas. Em conversa com a coluna, um deles disse que Tarcísio está sendo "jantado politicamente" por Lula porque serviu de "escada" para o presidente se contrapor a Bolsonaro ao falar em unir os diferentes.