Andreza Matais

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Reportagem

Nísia demite diretora via Diário Oficial, e exonerados na Saúde chegam a 5

A diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúda Indígena, Carmem Pankararu, foi exonerada hoje (26) do Ministério da Saúde. Em conversa com a coluna, ela disse que está em viagem a trabalho e soube da demissão pelo DOU (Diário Oficial da União).

"Ainda não fui consultada nem comunicada pelo meu secretário. Fui exonerada enquanto estou em Santarém numa missão oficial do ministério", afirmou.

A agora ex-diretora disse que foi convidada para o cargo pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, que também não a procurou. "Não sei se a ministra está informada. Nem ela nem o Berger [Swedenberger Barbosa, secretário-executivo]. Ela é inteirada e comprometida, mas é uma pessoa muito ocupada. Não acredito que eles tenham participação nisso", disse Pankararu.

"A Nísia me trouxe para cá por saber do meu conhecimento na área. Espero que o secretário tenha motivos para justificar a minha demissão", complementou.

O secretário especial de Saúde Indígena, Ricardo Weibe, disse que "a demissão já estava tomada e decorre da necessidade de ajustes na equipe para superação de desafios existentes" e desejou "sucesso" à diretora. Filiado ao PT, ele é vereador licenciado por Caucaia (CE).

A saúde indígena é um dos focos de dor de cabeça para o governo Lula, que busca se contrapor a gestão Jair Bolsonaro nessa área. A área reúne os piores indicadores de mortalidade materna, infantil e de expectativa de vida. Um dos primeiros atos do petista foi decretar emergência em saúde pública no território Yanomami, situação que segue sem solução.

Outro ponto polêmico é a criação da AgSus (Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS). O órgão vai assumir a gestão federal na área de saúde indígena, hoje pulverizada.

"É um projeto que eu acredito. Vou torcer que seja feita uma consulta aos povos indígenas e que possamos avançar", disse a ex-diretora, que foi chefe de gabinete da secretaria no governo Dilma Rousseff e presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Saúde Indígena.

Pankararu é a quinta pessoa a ser demitida do ministério, que enfrenta críticas do próprio presidente Lula, de uma ala do PT e do centrão.

Em reunião ministerial há duas semanas, Lula criticou a gestão da pasta e cobrou a ministra pela epidemia de dengue no país —são mais de 2 milhões de casos, número nunca registrado. O centrão questiona o represamento de verbas de emendas parlamentares em pleno ano eleitoral, enquanto prefeituras do PT são atendidas com valores acima do teto previsto.

O DOU desta terça trouxe ainda a nomeação de Adriano Massuda como secretário de Atenção Especializada à Saúde. Filiado ao PT, ele vai ocupar a área que tem o maior orçamento da pasta: R$ 81 bilhões. Helvécio Magalhães, seu colega de partido, foi demitido após o Fantástico, da TV Globo, revelar a crise dos hospitais federais do Rio, com pacientes em longas filas de espera.

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Os demitidos na Saúde

Eles são: Nésio Fernandes (secretário de Atenção Primária); Helvécio Magalhães (Secretaria de Atenção Especializada); Alexandre Telles (diretor de Gestão Hospitalar), Andrey Roosewelt Chagas (diretor) e Carmem Pankararu (diretora).

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