Andreza Matais

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Vale escolhe presidente em processo que deixou feridas expostas

A Vale anunciou nesta segunda-feira (26) Gustavo Pimenta como próximo presidente da empresa. O executivo foi eleito pelo Conselho de Administração, de forma unânime, "ao fim de rigoroso processo de seleção suportado por empresa de padrão internacional, em conformidade com o Estatuto Social da Vale, políticas corporativas, regulamento interno do colegiado e legislações aplicáveis", informou a companhia.

A troca na Vale deixou uma série de feridas expostas. O presidente Lula tentou emplacar Guido Mantega na empresa, nome que foi rejeitado e levantou uma série de críticas pela tentativa de interferência no processo. Como mostrou a coluna, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari também tentou impor o ex-presidente do BB Paulo Caffarelli na vaga mais recentemente.

O nome escolhido tinha o apoio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). Oficialmente, o ministro nega que tivesse predileção, mas como antecipou a coluna os preferidos eram Luis Henrique Guimarães, ex-CEO da Cosan, ou Gustavo Pimenta. Guimarães se inviabilizou porque sua indicação daria muita força para a Cosan. Ele tinha o apoio de Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan.

A Vale tem o maior salário pago a um executivo no Brasil - R$ 50 milhões ao ano -, o que tornava a vaga ainda mais competitiva.

O atual Presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, deixa o cargo após um racha no conselho e críticas do presidente Lula à sua condução.

"Estou muito otimista com a escolha de Gustavo Pimenta para liderar a Vale. É um profissional com reconhecida competência e compromisso com a Vale do futuro, uma companhia que se torna mais segura e confiável a cada dia. Com Gustavo Pimenta, acredito que a Vale seguirá firme em sua jornada rumo à liderança na mineração sustentável e na criação de valor para todos os stakeholders", disse.

Os conselheiros independentes José Penido e Paulo Hartung foram contra a troca e, em conversas reservadas, ameaçavam deixar a empresa caso o governo impusesse um nome ou a escolha recaísse sobre alguém sem conhecimento do setor.

Dois conselheiros da Vale pediram demissão em meio a esse desgaste. José Luciano Duarte Penido saiu atirando. Em carta, disse que o processo sucessório sofria "nefasta interferência política". Vera Marie Inkster também deixou o colegiado sem dar declarações.

A escolha de Pimenta é considerada uma resposta de que não se aceita interferência política.

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"Agradeço a confiança do Conselho para liderar a Vale nesse novo ciclo. Vamos juntos nessa jornada, intensificando o diálogo com todos os nossos stakeholders e priorizando a segurança das pessoas, das operações e do meio ambiente. Tenho certeza de que seguiremos avançando em nossa missão, com foco em geração e distribuição de valor, elevando a Vale a patamares ainda mais altos", respondeu Pimenta, segundo o Fato Relevante da empresa.

Ele ocupa atualmente a vaga de vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da empresa.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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