Bolsonaro quer uma Gestapo particular para matar o coronavírus a bala?
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Na mesma semana em que se livrou de Moro para transformar a Polícia Federal em sua Gestapo particular, agora comandada por um delegado amigo dos filhos investigados, Bolsonaro aumentou o limite para compra de munições, em mais uma ofensiva para armar a população (Cotidiano da Folha, 24/4).
Liberar armas e munições, promessa de campanha, era um dos motivos de atrito com o ex-ministro da Justiça. Agora, para o lugar de Moro, deve ir outro amigo dos filhos, o policial militar reformado Jorge Oliveira, atual secretário-geral da Presidência da República, uma espécie de agregado da família Bolsonaro, que o trata por Jorginho.
O novo chefe da Polícia Federal é o delegado Alexandre Ramagem, que foi segurança do pai na campanha eleitoral e passou o último reveillon com o filho Carlos, o 02, também conhecido como Carluxo, apontado pela mesma PF como articulador de fake news no "gabinete do ódio" montado no Palácio do Planalto.
Com Ramagem subordinado a Jorginho, e os dois diretamente a Bolsonaro e seu filhos, o governo terá agora nas mãos todos os instrumentos gestapianos para perseguir adversários com dossiês e proteger os amigos de investigações desagradáveis, como o presidente queria.
Ao mesmo tempo, com a liberação de 200 balas por cabeça, por mês, a quem Bolsonaro quer agradar em meio à pandemia? Vai matar o coronavírus a tiros?
A farta munição liberada para o bangue-bangue passou despercebida, em meio a tantas desgraças no noticiário, mas não escapou da preocupação de três leitores da Folha neste domingo.
"Por qual razão um ser humano normal, que não seja violento, precisa de 200 balas para usar em um mês? Será que ainda não deu pra perceber nada?, pergunta Ranulfo Feliz Júnior, de Piracicaba, SP, no Painel do Leitor.
Mara Passos, de São Paulo, SP, escreve na sequência: "Que horror! Mais munição para os covardes armados. Gente sem caráter, sem cultura, sem poder argumentativo, sem conhecimentos gerais, sem solidariedade humana e sem empatia agora se esconder atrás da pseudo-valentia e da segurança de uma arma".
Por fim, Angela Mattos, de Niterói, RJ, faz uma outra pergunta bastante intrigante: "No pandemônio geral da pandemia de Covid-19, Bolsonaro está preocupado em aumentar a licença de armas. Seria para reforçar o armamento de grupos de fanáticos e milicianos?".
Basta ver os tipos marombados e de óculos escuros que vão às carreatas e promovem manifestações contra as medidas de combate à pandemia e pela volta da ditadura para saber de quem se trata.
Se o velho Adolfo na Alemanha dos anos 30 criou as suas SS e SA, as temidas tropas de assalto dos nazistas, com esse armamento liberado no Brasil só faltam agora os uniformes para os milicianos mostrarem a sua força em defesa do bolsonarismo raiz, gritando "Mito!". Quanto menor a tropa, mais feroz fica.
Cabe agora ao ministro Celso de Mello, do STF, investigar, em inquérito solicitado pela PGR, quem organiza e financia essas tropas nativas mobilizadas pelas milícias virtuais do comandante Carluxo, que ajudaram a levar Bolsonaro ao poder e agora podem abreviar o fim do seu governo.
Cada vez mais isolado com seus generais no quartel em que se transformou o Palácio do Planalto, correndo em desespero para os braços do Centrão de velhos mensaleiros, para não ser impichado, restará a Bolsonaro se refugiar na trincheira montada pelos filhos e os amigos dos filhos no Ministério da Justiça e na Polícia Federal.
Munição não vai faltar. E seja o que Deus quiser.
Vida que segue.
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