Vitória de Joe Biden: um homem normal na Casa Branca faz o mundo respirar
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"George Floyd, você venceu. Já podemos respirar" (leitor Jairo Moura, no meu Facebook).
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Joseph Robinette Biden Jr. é um homem normal, um americano comum, em paz com ele mesmo e o mundo.
Foi essa a boa impressão que me ficou, depois de ouvir o discurso da vitória do 46º presidente dos Estados Unidos, e de ver a foto da família Biden abraçada com ele na capa do caderno de eleições da Folha deste domingo.
Quem tirou a foto foi a neta Naomi. Esta é uma imagem emblemática, que abre novo tempo de esperança e paz para os americanos, e todos nós, um contraponto àquela cena de George Floyd sendo pisoteado até a morte por um policial da "lei e da ordem".
A cara de Biden inspira confiança, ao contrário do bufão derrotado, que assustava o mundo civilizado.
"Que esta era sombria de demonização nos Estados Unidos comece a acabar aqui e agora. Prometo ser um presidente que irá unir e não dividir. Que não verá Estados vermelhos nem azuis, mas os Estados Unidos", prometeu Biden num centro de convenções em Wilmington, no Delaware, a pequena cidade onde ele nasceu e sempre morou.
Outra imagem que vai ficar na lembrança deste dia histórico é a de Kamala Harris, a primeira mulher eleita vice-presidente, ligando no celular para seu companheiro de chapa, assim que soube do resultado.
Passeando com roupa de ginástica perto de sua casa, Kamala não cabia em si de contente, rindo muito ao falar para seu companheiro de chapa:
"Joe, nós conseguimos! Você é o novo presidente dos Estados Unidos!".
Se Joe parece um solista de violino, compenetrado e discreto, Kamala é a própria escola de samba, alegre e divertida, que certamente vai animar a Casa Branca.
É um alivio saber que a maior potência militar do mundo está agora sob o comando de duas pessoas normais.
Podemos todos voltar a respirar, sem medo de ser feliz.
Depois da Segunda Guerra, minha família se espalhou pelo mundo. Parte veio da Europa para o Brasil, outra foi para a Austrália e uma terceira ficou nos Estados Unidos.
Ao ouvir os discursos de Joe e Kamala prometendo "curar a América" das suas muitas feridas abertas nos anos Trump, eu me lembrei de um tio-avô que morava em São Francisco, na Califórnia, fisicamente muito parecido com o novo presidente americano.
Chamavam-no de Bill, pouco falava e sempre repetia um bordão no final das frases: "Isso é o mínimo, meu filho".
Valia para qualquer coisa boa que ele ou outra pessoa tivesse feito ou planejasse fazer.
"Os americanos nos chamaram para controlar as forças da decência e as forças da justiça. Para controlar as forças da ciência e as forças da esperança nas grandes batalhas de nossa época (...) Nosso trabalho começa por controlar a Covid. Não podemos reparar a economia, restaurar nossa vitalidade ou desfrutar os momentos mais preciosos da vida _ abraçar um neto, aniversários, casamentos, formaturas, todos os momentos mais importantes para nós _ enquanto não tivermos esse vírus sob controle", foi falando Biden, como se estivesse conversando com a plateia planetária, em seu emocionado discurso sobre o que pretende fazer no governo.
Fosse ainda vivo, tio Bill certamente acrescentaria a cada parágrafo:
"Isso é o mínimo!".
Em tempo: mais de 100 mandatários de todo o mundo já cumprimentaram Joe Biden pela vitória. Entre eles, não está o presidente brasileiro, até o momento em que escrevo esta coluna. Como o seu ídolo Trump, Bolsonaro quer esperar os vereditos da justiça sobre os muitos processos abertos pelo candidato derrotado, que ainda não se conforma com o resultado.
Vida que segue.
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