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Dilma reage a deboche de Bolsonaro sobre torturas: "É sociopata, fascista"

Sem ser provocado, Bolsonaro resolveu "pedir raio-X" da mandíbula da ex-presidente Dilma, torturada pela ditadura militar (1964-1985) - Ricardo Moraes/Reuters/Evaristo Sá/AFP
Sem ser provocado, Bolsonaro resolveu "pedir raio-X" da mandíbula da ex-presidente Dilma, torturada pela ditadura militar (1964-1985) Imagem: Ricardo Moraes/Reuters/Evaristo Sá/AFP

Colunista do UOL

28/12/2020 17h42

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É no palco montado no cercadinho dos jardins do Palácio da Alvorada, cercado por devotos, que Bolsonaro revela seus instintos mais primitivos e debocha das vítimas de torturas durante o regime militar (1964-1985) e de quem espera por vacinas. .

Enquanto mais de 40 países já iniciariam a imunização de suas populações contra a covid-19, sem dizer quando começará a vacinação no Brasil, o capitão-presidente está mais preocupado em desenterrar o passado.

Nesta última semana de 2020, em que completa dois anos de mandato, sem que ninguém lhe perguntasse, Bolsonaro voltou a defender a ditadura e atacar o PT.

"O PT sempre falava de tortura de militar, né? Oh, tortura, não sei o quê, perseguição... Quando foi torturado e executado um cara deles, o PT não quis investigar. Os caras se vitimizam o tempo todo, fui perseguido...".

Às gargalhadas, emendou:

"Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio-X".

Bolsonaro pede raio-X de Dilma; que tal um raio-X do governo?

Poderia começar pelo retumbante fracasso no combate à pandemia, às queimadas e à violência policial estimulada pelo governo, passando pelas "rachadinhas" da família, a destruição da soberania nacional, as instituições aparelhadas, o desemprego crescente, a volta da inflação. Tem muito raio-X para fazer.

Melhor seria Bolsonaro fazer um check-up completo do seu governo. Não sobraria nada.

"É triste, mas o ocupante do Palácio se comporta como um fascista", diz Dilma

Desta vez, houve reação ao que a ex-presidente Dilma Rousseff qualificou de "sessões de infâmia e torpeza".

Em nota, Dilma chamou Bolsonaro de fascista e sociopata, "alguém que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos".

"Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram. É triste, mas o ocupante do Palácio do Planalto se comporta como um fascista. É cúmplice da tortura e da morte".

Na mais dura declaração que já deu sobre o atual presidente, Dilma encerra assim a nota:

"Um sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro".

Que a montanha venha a Maomé

Bolsonaro estava particularmente inspirado nesta segunda-feira. Ao falar de vacinas, que o Ministério da Saúde não comprou até hoje— só tem "acordos de intenção de compra"— voltou a afirmar que não está preocupado com o início da vacinação e disse que não vai correr atrás dos laboratórios. "Quem quer vender é que tem de vir aqui pedir licença na Anvisa".

Para não contrariar o chefe, o general da Saúde sumiu do noticiário.

Hospitais e cemitérios voltam a ficar lotados e não há sinal de solução à vista.

Vida que segue.