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OPINIÃO

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Governo omisso: dissimulado, Wajngarten mente e sonega informações à CPI

CPI da Covid ouve o ex-secretário especial de Comunicação Social da presidência, Fabio Wajngarten - Edilson Rodrigues/Agência Senado
CPI da Covid ouve o ex-secretário especial de Comunicação Social da presidência, Fabio Wajngarten Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Colunista do UOL

12/05/2021 15h19

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Para defender o presidente Bolsonaro, Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo, chegou à CPI com um roteiro pronto e saiu de lá como a primeira testemunha ameaçada de prisão, ao desdizer o que disse à revista Veja em abril sobre a "incompetência" e "ineficiência" do general Pazuello na negociação das vacinas no Ministério da Saúde.

Nervoso e a toda hora consultando seu advogado, Wajngarten tirou os senadores do sério ao repetir várias vezes "isso você tem que perguntar ao presidente", como se ele não tivesse participado do governo, não se lembrando nem das campanhas que fez na Secom e omitindo informações.

Sempre dissimulado, não respondia às perguntas e mentiu sobre a campanha "O Brasil não pode parar", para a qual contratou "celebridades" bolsonaristas, como os apresentadores Ratinho e Otávio Mesquita, e o jogador de futebol Felipe Mello, entre outros, bem pagos com dinheiro público, para defender o "tratamento precoce" (leia-se o kit-covid) contra o distanciamento social.

Na CPI, disse exatamente o contrário e falou em campanhas educativas de "esclarecimento", o que levou o presidente, Omar Aziz, a suspender o depoimento, para lembrar o advogado de Wajngarten sobre a obrigação de falar a verdade como testemunha.

O relator Renan Calheiros anunciou que pedirá à Veja o áudio da entrevista, que foi capa da revista, para confrontar com suas declarações na CPI.

Assim como o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Wajngarten deverá ser novamente convocado a prestar depoimento à CPI, desta vez como investigado, e precisará preparar um novo roteiro para não sair preso.

Na segunda semana de investigação, após os depoimentos dos ex-ministros Mandetta e Teich, e do presidente da Anvisa, Barra Torres, já está mais do que provada a omissão do governo na compra de vacinas e a irresponsabilidade na distribuição da cloroquina, um remédio sem comprovação científica, que provoca efeitos colaterais e até a morte.

Por mais que tentasse fugir das perguntas, Wajngarten acabou confirmando que o governo levou mais de dois meses para responder à carta-proposta da Pfizer para a venda de vacinas enviada ao governo em setembro do ano passado, que ele repassou à CPI.

A tropa de choque dos governistas ficou sem ação para defender o ex-chefe da Secom, tantas as contradições do seu depoimento, o que levou a deputada bolsonarista Carla Zambelli a invadir a sessão para ameaçar os senadores, uma imagem constrangedora do fim de feira do governo negacionista que a cada dia vai sendo mais encurralado pela CPI.

Só falta agora Bolsonaro chamar o "meu Exército" para acabar com as investigações.

Vida que segue.