Com mesmo elenco, Dorival e torcida fazem o São Paulo ser grande outra vez
Foi a mais fantástica transformação de um time em meio ao campeonato durante o Brasileirão deste ano.
Rondando a zona do rebaixamento nos últimos anos, com times sem alma e sem futebol, bastaram 23 jogos para o pacato e competente técnico Dorival Jr. ressuscitar a aura da camisa tricolor e transformar o São Paulo num grande clube outra vez.
O mais incrível desta proeza foi ter feito tudo isso com exatamente o mesmo elenco que herdou de Rogério Ceni, quando os mesmos jogadores se arrastavam em campo, sem saber o que fazer com a bola, jogando para não perder, e aceitando as derrotas passivamente, como coisas da vida.
Para que isso fosse possível, Dorival contou desde o primeiro momento com o decisivo apoio da grande torcida tricolor, que não abandonou os estádios, nem mesmo nos piores momentos. Este ano, só perde para a do Flamengo. Batendo recordes sobre recordes no Morumbi, quase sempre lotado, neste domingo a torcida bateu mais um, com mais de 60 mil são-paulinos (era jogo de torcida única), vibrando com a exibição de gala do seu time, que nos fez lembrar os melhores tempos de quando se tornou o único clube brasileiro tricampeão mundial. Muita gente já tinha até se esquecido disso. .
Qual foi o milagre? Não houve milagre nenhum, como o próprio Dorival explicou na entrevista coletiva depois de o São Paulo eliminar o Palmeiras pela Copa do Brasil no meio da semana. Queriam atribuir as seguidas vitórias do São Paulo à sorte, mas o técnico deixou a habitual modéstia de lado, para atribuir esta performance ao trabalho diário dos jogadores e da sua comissão no Centro de Treinamento da Barra Funda, das sete da manhã às sete da noite.
Hoje, o São Paulo tem um padrão de jogo muito bem definido, jogadas ensaiadas como as de uma orquestra bem afinada, o que só é possível com o perfeito entrosamento entre o técnico e o elenco, a torcida e a direção de futebol, criando outra vez um clima de confiança como há muito não se via no Morumbi. O ambiente no vestiário voltou a ser o de um time vencedor.
Antes, quando conseguia marcar um gol, o São Paulo automaticamente recuava o time para garantir o 1 a 0, e acabava empatando ou perdendo, sem reagir. Hoje, com um elenco sem grandes estrelas, sem ter contratado ninguém, Dorival alterna jogadores titulares e reservas de um jogo para outro, dando a mesma oportunidade a todos, de tal forma que já não se sabe quem é titular ou reserva. Assim, todos os jogadores se machucam menos e estão sempre motivados para entrar em campo.
Faltava só a cereja no bolo deste São Paulo renascido, fazendo a festa nos 4 a 1 do baile que deu no Santos: a volta ao time do ídolo Pato, como a torcida vinha pedindo. E ele não só entrou em campo no segundo tempo, depois de jogar uns poucos minutos contra o Bragantino na semana passada, como ainda fez um belíssimo gol, em tabelinha com David, como se os dois jogassem juntos há muito tempo.
No momento em que escrevo, o São Paulo chegou ao quarto lugar no G-4 e não dá para saber até onde esse time ainda pode crescer. Mas, certamente, agora dá gosto novamente de vestir a camisa e torcer pelo São Paulo, sem medo de passar vergonha, nem de lutar apenas para não cair.
Valeu, Dorival, a torcida tricolor agradece.
Vida que segue.
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