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Notícia-crime no STF: senadores fecham o cerco a Bolsonaro por prevaricação
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Se os últimos dias não foram fáceis para Bolsonaro, os próximos prometem ser ainda mais desafiadores ao seu mandato.
A semana já começou quente com a apresentação assinada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) de uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal contra o presidente por prevaricação no caso da compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde, um "rolo" de R$ 1,6 bilhão, que envolve o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), um dos poderosos chefões do Centrão.
"Rolo" foi a palavra usada por Bolsonaro quando os irmãos Miranda lhe contaram no Palácio da Alvorada, no dia 20 de março, que havia um esquema no ministério para apressar a compra do imunizante importado com a intermediação do laboratório nacional Precisa.
Logo entrou na conversa o nome do deputado paranaense, ex-ministro da Saúde do governo Temer, que também deverá ser convocado pela CPI.
Na quarta-feira, será a vez do empresário Carlos Wizard, para explicar seu papel no gabinete paralelo para a compra de cloroquina pelo governo e de vacinas por laboratórios privados.
No mesmo dia, um "superpedido" para a abertura de um processo de impeachment pelo conjunto da obra de Bolsonaro será entregue por juristas, políticos e membros da sociedade civil ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na quinta-feira, deverá ser ouvido o dono do laboratório Precisa, Francisco Emerson Maximiniano, também sócio da Global, que junto com Barros já foi denunciado pela Justiça por receber R$ 20 milhões do ministério da Saúde pela compra de remédios, que nunca foram entregues, assim como aconteceu com a Covaxin.
Como se vê, "rolo" é o que não falta nesta história da compra de vacinas, que primeiro o capitão boicotou, como aconteceu com a Pfizer e a Coronavac, para depois sair correndo atrás de qualquer uma, quando o número de mortos na pandemia foi batendo recordes, até ultrapassar a marca de 500 mil óbitos.
Comprou logo a mais cara, não aprovada pela Anvisa, com pagamento adiantado de mais de R$ 220 milhões numa offshore, o que só não aconteceu porque o servidor Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado Luís Miranda (DEM-DF), da base aliada do governo, denunciou a maracutaia ao Ministério Público Federal, antes da conversa com o presidente.
Na ação entregue ao STF, os senadores justificaram o pedido:
"O presidente não pode guardar para si informação tão relevante a ponto de apurar indícios de corrupção que remontam a cifra bilionária no bojo de uma pandemia com consequências sanitárias e socieconômicas tão graves. Tinha ele o dever inafastável de oferecer os indícios de que dispunha à autoridade competente, para as apurações mais detalhadas".
Os senadores pedem também que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue o presidente por conivência diante da revelação de que haveria um esquema de corrupção na compra da Covaxin. .
Segundo o depoimento dos irmãos Miranda, Bolsonaro prometeu "acionar o DG (diretor geral) da Polícia Federal" para investigar o que estava acontecendo no Ministério da Saúde, o que não fez. Preferiu entregar a apuração do caso ao general Eduardo Pazuello, que já estava de saída do Ministério da Saúde, e nada encontrou de errado na negociação.
Nesta segunda-feira, em conversa com apoiadores no Alvorada, Bolsonaro se queixou que não tem como saber o que se passa em todos os 22 ministérios, nada falou sobre o líder Ricardo Barros, e logo mudou de assunto.
Para completar o cenário da semana, dezenas de entidades do movimento social, da sociedade civil e de partidos de oposição anteciparam para este sábado, dia 3, novas manifestações do movimento "Fora Bolsonaro", inicialmente mercadas para o final do mês de julho.
Mais do que com os depoimentos na CPI, Bolsonaro sabe que os seus aliados do Centrão são muito sensíveis à chamada voz das ruas, ainda mais agora que as denúncias envolvem um dos seus líderes, Ricardo Barros, que ele mesmo botou na roda, ou melhor, no "rolo".
O cerco ao governo vai se fechando a cada dia, deixando o capitão cada vez mais colérico e descontrolado, soltando os cachorros na imprensa e até nos seus seguranças, como aconteceu em Guaratinguetá (SP), na semana passada. .
Por falar nisso, que fim levou o general Augusto Heleno, o popular Heleninho, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que nunca saia do lado do capitão desde os tempos de campanha? Muito estranho. Tudo neste enredo é muito estranho.
A semana promete novas e fortes emoções, apertem os cintos. .
Vida que segue.
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