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OPINIÃO

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Bolsonaro & Moro: a dupla de super-homens que detonou o país chamado Brasil

Moro rompeu com Bolsonaro um ano após assumir Ministério da Justiça - Reuters
Moro rompeu com Bolsonaro um ano após assumir Ministério da Justiça Imagem: Reuters

Colunista do UOL

30/01/2022 16h00

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Bolsonaro dá uma banana para o Supremo Tribunal Federal, tripudia sobre as leis e vai passear de moto por Brasília com o filho Carlos, o chefe do "gabinete do ódio", e tendo o general Ramos como seu fiel escudeiro.

Moro se enrola todo para explicar os milhões que ganhou como recompensa nos Estados Unidos, fazendo piadinhas numa live com um pivete do MBL, promovido a estrategista-mor da campanha.

É serio que está acontecendo tudo isso ao mesmo tempo, sem nenhuma reação da sociedade e das instituições brasileiras?

O que move Bolsonaro & Moro, o "Mito" e o "Herói Nacional", os dois na disputa pela Presidência da República, é a certeza da absoluta impunidade, debochando de um país destruído pela Lava Jato, para levar um ao poder e fazer a fortuna do outro, depois de destruir algumas das maiores empresas nacionais e detonar 4,4 milhões de empregos, só para impedir que Lula fosse candidato em 2018.

E o que os une, embora agora adversários, é exatamente o ódio a Lula e ao PT, a qualquer direito dos trabalhadores e à soberania nacional, lacaios de interesses estrangeiros e do grande capital, sem nenhum compromisso com o país de 212 milhões de habitantes, que já foi a sexta economia mundial e hoje é um pária entre as nações civilizadas, assolado pela fome e por uma pandemia sem fim.

Quando ainda eram aliados, a "conge" do ex-juiz chegou a dizer que os dois eram uma só pessoa, e realmente eles têm muita coisa em comum.

Cínicos e perversos, não têm limites na busca do poder absoluto, sem nenhum projeto de país, indiferentes ao sofrimento de um povo que luta apenas para sobreviver.

Sentem-se super-homens, enviados pelos deuses, acima do bem e do mal, sem ter que prestar contas a ninguém. Desta forma, um conseguiu desmoralizar as Forças Armadas e o outro fez o mesmo com o Judiciário, as duas instituições que apenas assistiram ao desmonte do Estado Brasileiro, fazendo vistas grossas à escalada destes dois celerados sem compromisso com a nossa história e o nosso futuro.

Para isso, eles contaram também com a boa vontade de amplos setores da mídia, irmanados com o mercado e a banca, liberando a compra, a posse e o porte de armas cada vez mais pesadas, em que os dois foram cumplices, como mostrou hoje o Janio de Freitas em sua coluna na Folha sobre "As eleições armadas".

Querem vencer no grito e na marra, passando como tratores por cima do TSE e de todos os tribunais, como se o Brasil não fosse um país, mas um acampamento de refugiados de guerra, sem lenços nem documentos.

Nos Estados Unidos, o grande irmão que admiram tanto, estariam hoje sendo processados por crimes de lesa-pátria e seriam mandados para a base de Guantanamo, sem passagem de volta.

Aqui, desfilam pelos salões de empresários e banqueiros, nos plenários e nos templos, ocupam latifúndios no noticiário político, ditam a pauta da imprensa, passam longe dos reais problemas do país.

Parecem personagens de ficção, de filmes do Zé do Caixão, mas são assustadoramente reais, e vão ficando cada vez mais furiosos e temerários, à medida que encalham nas pesquisas, rejeitados que são pela ampla maioria da população, como mostram todas as pesquisas.

Se juntar os dois, e mais o resto da terceira via, não dá um Lula. E é aí que reside o maior perigo para a nossa jovem e frágil democracia: quanto mais acuados se sentirem, com menos chances na eleição, mais tentarão melar o jogo.

Querem ser presidentes do Brasil para quê?, exatamente, eu me permito perguntar.

Para completar a obra de destruição do país e do Estado de Direito, iniciada no golpe parlamentar, jurídico e militar de 2016, que nos levou a essa tragédia civilizatória e humana?

Não sei como, não sei quando, não sei se ainda estarei vivo, mas um dia Bolsonaro & Moro, essa dupla de malfeitores, haverá de pagar pelo mal que os dois fizeram ao Brasil e aos brasileiros.

Vida que recomeça.