Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Educação, saúde, cultura, meio ambiente, tudo detonado. Para quê reeleição?
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O noticiário desta quarta-feira estava tão desalentador sobre os rumos do país que até desisti de escrever para não desanimar de vez os leitores.
Corrupção generalizada no Ministério da Educação sob a batuta do Centrão, impunidade total no Ministério da Saúde após os crimes e desmandos denunciados pela CPI da Pandemia (que fim levou?), presidente vetando sumariamente recursos para a Lei Paulo Gustavo de incentivo à Cultura e ministro terrivelmente evangélico do STF pedindo vista para trancar julgamento do projeto verde que tenta salvar o que restou da Amazônia.
Educação, saúde, cultura, meio ambiente, nada restará. É como se um exército de ocupação tivesse invadido o país, assim como a Rússia está fazendo na Ucrânia, há seis semanas, para não deixar pedra sobre pedra, com milhares de mortos pelo caminho. Aqui, esta guerra já dura três anos e três meses, sem sinal de trégua.
Hoje, no Dia do Jornalista, eu me pergunto: o que ainda podemos fazer no nosso ofício para denunciar a destruição do país? Adianta escrever todo dia para mostrar o que está acontecendo e o perigo que corremos em caso de reeleição do atual presidente?
Também me pergunto para quê e em nome de quem, com que propósito o capitão aposentado quer um novo mandato, já que ele diz sofrer tanto no cargo? Não basta o mal que já fez a milhões de brasileiros desesperados, sofrendo com a fome, a violência policial, a inflação descontrolada, o desemprego crônico e a total falta de perspectivas para um futuro melhor?
Vivemos há três anos e meio procurando uma boa notícia, uma só que seja, para sair dessa inhaca, essa maldição que se abateu sobre um dos mais belos e promissores países do mundo, mas a cada dia as coisas só pioram, sem deixar nem a gente respirar um pouco de esperança.
Diante das desgraças diárias, qualquer coisa que se escreva parecerá pequeno, inútil, perda de tempo. A realidade é sempre maior e mais dramática do que as palavras podem reproduzir.
E não venham me dizer que isso é coisa de velho ranzinza. Vejam o que escreveu ainda hoje no Twitter o jovem cronista Antonio Prata, filho do grande Mario Prata:
"Cês não têm a sensação de viver num mundo em que todas as piores ideias venceram? Em todas as áreas? É como se uma anti-seleção natural houvesse agido na história da humanidade, até chegarmos a esse cu de boi".
Tudo é naturalizado de um dia para outro, um escândalo superando o anterior, como se fosse normal nomear lobistas para dirigir a Petrobras, mandar matar a testemunha-chave de um crime bárbaro, até hoje não esclarecido, zombar de uma jornalista torturada quando estava grávida, mandar kits de robótica para escolas sem internet nem água, criar um orçamento secreto com emendas do relator para comprar apoio parlamentar, usar recursos públicos para fazer campanha pela reeleição até com verbas distribuídas pelo Ministério da Defesa para fazer campos de futebol, etc, etc, etc.
Se 2018 foi um terrível acidente de percurso na nossa história, 2022 não pode repetir aquela tragédia, porque agora todos já sabem quem é Jair Bolsonaro e aonde ele e seus generais de pijama são capazes de chegar para não largar o osso.
Seria um suicídio coletivo da nossa democracia.
Vida que segue.
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