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Movimento Proarmas convoca "esquenta" do 7 de Setembro para próximo sábado

Eduardo Bolsonaro com o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o líder armamentista Marcos Pollon, organizador do ato de 9 de julho - Divulgação/PRF
Eduardo Bolsonaro com o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o líder armamentista Marcos Pollon, organizador do ato de 9 de julho Imagem: Divulgação/PRF

Colunista do UOL

04/07/2022 14h48

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Depois de o presidente Bolsonaro anunciar novas grandes manifestações "pela liberdade" para o 7 de Setembro, a exemplo que fez no ano passado, só que desta vez a apenas três semanas da eleição, seus seguidores já estão convocando para um "esquenta" no próximo sábado, dia 9, marcado propositadamente para esta data, em que se celebra o Dia Mundial do Desarmamento.

"Nosso movimento tem uma única missão: trazer de volta a nossa liberdade!", diz a convocação oficial para o ato. Que liberdade querem de volta? De andar armados? Mas isso eles já conseguiram, com as várias portarias baixadas pelo atual governo. Só se for então a licença para matar, prevista no "excludente de ilicitude" do projeto anticrime que Bolsonaro e Sergio Moro não conseguiram aprovar.

Liderada pelo presidente do Movimento Proarmas, Marcos Pollon, amigo da família Bolsonaro, a sede da entidade, que se declara sem fins políticos ou financeiros, fica em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Este é o 3º Encontro Nacional pela Liberdade promovido pelo Proarmas, o maior lobby armamentista do país, que esta semana lançou a campanha "Apoie um manifestante" para levar mais gente a Brasília, oferecendo hospedagem e transporte gratuitos. São esperadas caravanas organizadas em todo o país.

Sob o lema "Não caminhamos por armas, caminhamos por liberdade", o evento está marcado para a Esplanada dos Ministérios, mesmo palco onde, em 2021, o presidente atacou ministros do Supremo Tribunal Federal, cujo prédio quase foi invadido por caminhoneiros bolsonaristas no ato do 7 de Setembro.

O desafio lançado naquele dia por Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, chamado de "canalha", dizendo que não cumpriria mais suas ordens, provocou a maior crise institucional até agora do Executivo com o Judiciário. O ex-presidente Michel Temer foi chamado às pressas a Brasília e teve que entrar no circuito, a pedido do capitão, para acalmar os ânimos.

Na véspera, o cientista político Marcos Nobre tinha dito à Folha que não via nos atos bolsonaristas "uma tentativa, mas um ensaio de golpe".

De fato, na semana seguinte, pesquisa nacional Datafolha revelou que metade da população acreditava que o presidente poderia dar um golpe.

De lá para cá, não tivemos uma semana em que não houvesse alguma ameaça de ruptura, partindo do capitão ou de seus generais, agora não mais para fechar o STF, mas para anular ou melar as eleições, por supostas fraudes nas urnas eletrônicas, nunca comprovadas.

Fala-se abertamente de golpe por todo canto, como se fosse normal as Forças Armadas quererem tutelar o processo eleitoral. Dias atrás, falando a empresários, no Rio, o general Braga Netto, pré-candidato a vice de Bolsonaro, já disse que se não for do jeito que eles querem, com auditoria militar das urnas, não vai ter eleição.

Em 2021, durante a convocação para o 7 de Setembro, Bolsonaro lançou o desafio aos seus seguidores: "Creio que chegou a hora de nós, no dia 7, mostrarmos que nos tornamos independentes para valer". Para este ano eleitoral, ainda não há uma palavra de ordem, nem precisa.

A concentração do 9 de julho deverá acontecer em frente à Catedral de Brasília, às 10 horas de sábado. A participação do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos não está confirmada.

Vida que segue.