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Ideologia? Patriotismo? Veja por que os militares não querem largar o osso
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Selva!
Não tem nada de medo de uma "invasão comunista" caso Lula vença as eleições ou da defesa das fronteiras na Amazônia e da invulnerabilidade das urnas eletrônicas, nada de ideologia ou patriotismo: o que faz os militares não quererem largar o osso e se empenharem tanto para a permanência do capitão Bolsonaro no poder é a manutenção dos supersalários e de todas as mordomias que conquistaram neste governo.
Levantamento feito pelo Estadão mostra que um contingente de 1.559 militares das Forças Armadas receberam vencimentos líquidos superiores a R$ 100 mil por mês entre janeiro e maio deste ano, a um custo total de R$ 262,5 milhões sacados do Tesouro Nacional.
O campeão absoluto até agora é o general Walter Braga Netto, ex-ministro da casa Civil e da Defesa, hoje candidato a vice de Bolsonaro na campanha da reeleição, que em apenas dois meses de 2020, em meio à pandemia, sacou R$ 926 mil dos cofres públicos a título de indenização de férias.
Outro dos líderes do ranking é o coronel James Magalhães Sato, de 47 anos, lotado no Comando do Exército, que recebeu em abril R$ 603.398,92, já com os descontos previstos. O soldo normal do militar é de R$ 22,4 mil, mas naquele mês o hollerith foi engordado por meio da rubrica "outras remunerações eventuais", seja lá o que isso quer dizer.
Um trabalhador de salário mínimo levaria 38 anos para ganhar essa bolada, um valor mil vezes maior do que o Auxílio Brasil turbinado, de R$ 600, que começou a ser pago este mês.
Quem vai querer largar uma mamata dessas?
Certamente, não é o caso do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello. Segundo reportagem da revista Forum, quando perdeu o ministério ele foi alojado por Bolsonaro num cargo na Assessoria Especial da Presidência da República, com salário de R$ 32.633,40, mas o general recebeu em março um pacote de R$ 316.598,44, engordado com R$ 282.623,84 em "verbas indenizatórias". Assim não há "teto de gastos" que aguente.
Pazuello agora é candidato a deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro e circula em campanha pela cidade num jipe verde-amarelo com propaganda do presidente Bolsonaro.
Mudanças feitas pelo presidente na legislação permitem que os militares acumulem os soldos do quartel com os salários que ganham em cargos civis no governo, acima do teto do funcionalismo, mas só isso não explica os salários astronômicos e as indenizações que recebem ao passar para a reserva.
Como ninguém tem coragem de coibir essa farra com dinheiro público, os militares vão empilhando penduricalhos que recebem ao logo das carreiras, ao frequentar cursos, por tempo de serviço ou em missões no exterior, que lhes garantem vencimentos de fazer inveja a influencers, youtubers, cantores sertanejos e executivos de multinacionais.
Dá para entender agora por quais motivos essa casta está tão empenhada na reeleição de Bolsonaro, a ponto de desafiar diariamente o Tribunal Superior Eleitoral e seus ministros?
Selva!
Vida que segue.
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