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OPINIÃO

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A escalada da violência: tiros, facadas, mortes, ameaças, agora é todo dia

Homem sai da cena do crime com bebê de colo, passando por um dos agressores do bolsonarista Jorge Guaranho, ferido no chão após atirar contra o petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) - Polícia Civil do Paraná
Homem sai da cena do crime com bebê de colo, passando por um dos agressores do bolsonarista Jorge Guaranho, ferido no chão após atirar contra o petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) Imagem: Polícia Civil do Paraná

Colunista do UOL

12/09/2022 14h09

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Agora faltam apenas 20 dias. À medida que se aproxima o dia da eleição, com a provável derrota do bolsonarismo, aumenta a escalada da violência política no país, provocada por quem não confia na soberania das urnas numa democracia, gerando um clima de medo e insegurança. Quase todo dia registra-se um novo incidente na campanha eleitoral.

Com a entrada em cena das Forças Armadas querendo fazer a apuração paralela dos votos, uma aberração nunca vista em períodos democráticos, e nem mesmo durante a ditadura militar, as ameaças golpistas das últimas semanas ganham forma e velocidade alarmantes.

Só neste final de semana, foram registradas ameaças com armas contra o presidenciável Ciro Gomes, no Rio Grande do Sul; Guilherme Boulos, candidato a deputado federal, em São Paulo e dois petistas que faziam campanha nas ruas na Capital Federal..

"Já estamos tomando providências para localizar os criminosos. Com certeza estavam com as armas liberadas por Bolsonaro", disse hoje a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sobre o caso de Brasília.

Não por acaso, esta escalada acontece ao mesmo tempo em que o agregador de pesquisas do Estadão, atualizado nesta segunda-feira com os números da FSB/BTG, mostra que o ex-presidente Lula está a um ponto de vencer a disputa presidencial já no primeiro turno.

Em votos válidos, Lula tem 49% contra 37% de Bolsonaro.

Nem os bilhões distribuídos pelo governo em auxílios às vésperas da eleição, nem a pajelança cívico-militar do 7 de setembro, foram capazes de mudar este cenário, que continua desfavorável ao presidente e torna cada vez mais radicais seus seguidores.

Na semana passada, em Confresa (MT), a mil quilômetros de Cuiabá, o lavrador Rafael Silva de Oliveira confessou ter matado seu colega Benedito Cardoso dos santos com 15 facadas e machadadas. "Ele diz, em seu termo de interrogatório, que a discussão se deu em razão de ser defensor do candidato Bolsonaro e o outro ser defensor do candidato Lula", afirmou o delegado Higo Rafael Ferreira de Oliveira, que prendeu o assassino.

No mesmo dia 9, em São Gonçalo (RJ), o bolsonarista Rodrigo Duarte, assessor do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), provocou um tumulto ao passar com seu carro todo adesivado com propaganda do presidente e ataques a Lula, que aparecia com roupa de presidiário atrás das grades. A confusão aconteceu antes da chegada do ex-presidente.

Na véspera, em vídeo obtido pela Folha, Duarte avisou: "Amanhã eu estou aqui para protestar contra esse safado, Lula ladrão na cadeia. Bolsonaro nele".

Em meio ao tumulto que se criou, ele levou um corte na cabeça e reclamou que seu celular sumiu, mas os seguranças o convenceram a ir embora antes que a situação se agravasse.

Desde o dia 9 de julho, quando o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho entrou atirando na festa de aniversário de um dirigente petista, Marcelo Arruda, num salão decorado com imagens de Lula, esquentou o clima da campanha eleitoral.

Guaranho, que também foi ferido a bala e com chutes, virou réu depois de sair do hospital, mas até hoje não foi ouvido no inquérito.

Fala-se muito em polarização e "guerra eleitoral", mas não há registro de qualquer incidente até agora que tenha sido provocado por alguém ligado ao PT. A guerra é de um lado só, estimulada pelos discursos beligerantes de Bolsonaro, que já prometeu extirpar os adversários da vida pública e vive colocando em dúvida a segurança das urnas eletrônicas, e que agora quer entrega-las ao escrutínio dos militares.

Vida que segue.