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OPINIÃO

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Vacinas, dinheiro vivo, contas no exterior: aumenta cerco da PF a Bolsonaro

Michelle, Bolsonaro e Mauro Cid: o cerco se fecha para selar o destino de cada um - Sérgio Lima/AFP; Alan Santos/PR
Michelle, Bolsonaro e Mauro Cid: o cerco se fecha para selar o destino de cada um Imagem: Sérgio Lima/AFP; Alan Santos/PR

Colunista do UOL

15/05/2023 19h43

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Entre um depoimento e outro à Polícia Federal, o que já se tornou uma rotina desde que voltou ao Brasil, surgiram fatos novos que tornam ainda mais difícil a defesa de Jair Bolsonaro diante do conjunto da obra de malfeitorias e delinquências.

Nesta terça-feira, o ex-presidente volta à PF para ser interrogado sobre a fraude nos certificados da vacinação, o que já levou à cadeia, na semana passada, o tenente-coronel Mauro Cid, seu todo-poderoso ajudante de ordens.

Mas o risco maior está nas novas denúncias sobre suspeitas de contas bancárias de Bolsonaro no exterior, numa agência do Banco do Brasil América, na Flórida (vai ver que por isso ia tanto para lá e lá ficou três meses, depois de deixar o governo), e na entrega pela equipe de Cid de recursos públicos em dinheiro vivo, para a ex-primeira dama pagar despesas pessoais privadas dela, de seus familiares (até o plano de saúde do irmão) e amigas, como foi revelado por Aguirre Talento aqui no UOL, no sábado, e César Tralli, hoje na GloboNews. A polícia, a Justiça e a imprensa estão fechando o cerco.

Tudo isso, por enquanto, sem falar nas investigações sobre a participação de Bolsonaro na intentona golpista de 8 de Janeiro e nas milícias digitais, no processo sobre as manifestações contra as urnas eletrônicas, o STF e a Justiça Eleitoral.

Após a quebra do sigilo telemático de Mauro Cid, que operava o dinheiro da família, a casa caiu. Assim como fazia o ex-policial Fabrício Queiroz nas "rachadinhas" pioneiras, o ajudante de ordens cuidava de tudo, mas há dúvidas se ele vai matar no peito todas as acusações contra Jair e Michelle Bolosonaro. Afinal, Mauro Cid é um oficial do Exército, filho de general, e tem um nome e família a zelar.

Enquanto isso, a Polícia Federal não para de fazer novas descobertas todos os dias, com os achados durante a operação de busca e apreensão na casa e no celular do auxiliar de Bolsonaro, desvendando todo o esquema clandestino montado nos palácios presidenciais.

Claro que, se depender da sua certeza de impunidade, mais uma vez, Bolsonaro, simplesmente, vai querer negar tudo e dizer que não sabia de nada, e que foi tudo montado à sua revelia, mas agora os investigadores da PF já encontraram tantos rastros deixados pela família e seus comparsas, com documentos, gravações e provas, que esses crimes em série poderão levar o ex-presidente à cadeia mais cedo do que ele pensa e por mais tempo do que imaginava.

O tempo da Justiça é mais demorado do que o tempo da política e da mídia. Mas, por tudo que já foi apurado, e continua sendo descoberto a cada novo dia, o conjunto da obra de Bolsonaro e sua curriola de saqueadores das instituições e dos bens públicos não deixa mais dúvidas: durante quatro anos, o Brasil foi governado por uma quadrilha de bandoleiros toscos, e correu o risco de ser subjugado por mais quatro, se as eleições, a polícia, a Justiça e a democracia não chegassem a tempo de evitar o autogolpe. Falta apenas identificar e enquadrar os chefes militares que apoiaram o "putsch" de janeiro e seus financiadores.

Teremos nesta terça-feira, em Brasília, mais um capítulo desta trágica chanchada miliciano-militar, mas o final da novela ainda vai demorar. Burros e ignorantes, eles deixaram muitos rastros e provas contra eles.

Vida que segue.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL