Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Técnico ganha jogo? São Paulo de Dorival Júnior prova que sim em só 9 jogos
![Dorival Júnior, técnico do São Paulo - Rafael Vieira/AGIF](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/2c/2023/05/17/dorival-junior-tecnico-do-sao-paulo-no-jogo-contra-o-sao-paulo-pela-ida-das-oitavas-da-copa-do-brasil-1684366188289_v2_900x506.jpg)
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Invicto há nove jogos, com cinco vitórias e quatro empates: em menos de dois meses, bastou o São Paulo trocar de técnico, com Dorival Júnior no lugar de Rogério Ceni, para o São Paulo voltar a ser um time competitivo no Brasileirão — para alegria da sua grande torcida, que neste sábado bateu o recorde de público do ano no Morumbi, com 57.399 pagantes, encantados com o que viram na vitória por 4 a 2 contra o Vasco.
Com o mesmo elenco deixado por Ceni, sem contratar nenhum jogador, Dorival montou outro time, mesmo ainda com vários desfalques, e estabeleceu um padrão de jogo montado sobre um 4-3-3 básico, sem invenções, que equilibrou defesa e ataque. Baseado numa forte marcação no meio de campo, o São Paulo marcou 14 gols e sofreu apenas 4, tendo a defesa menos vazada do campeonato.
Ao contrário do seu antecessor, o novo técnico do São Paulo não fica correndo de um lado para outro na área técnica, gritando com os jogadores e o juiz, tentando acertar o que não conseguiu nos treinos. Dorival fica a maior parte do tempo parado, pensativo, dá poucas instruções durante a partida, faz os ajustes no intervalo e tem acertado nas substituições no segundo tempo.
O mesmo São Paulo que, até outro dia, fazia a torcida ficar com raiva e vergonha dos passes de lado e jogadas para trás, e posse de bola estéril sem nenhuma criatividade, porque a bola não chegava ao gol adversário, agora pratica um futebol vertical, como a maioria dos grandes times daqui e de fora.
Nas entrevistas, Dorival não inventa fórmulas e números mágicos para justificar o resultado, limitando-se a analisar o jogo friamente numa linguagem que todo mundo entende, apenas procurando destacar os pontos positivos da equipe. No sábado, os elogios foram para Rodrigo Nestor, em grande fome, e Juan, outro menino de Cotia, que vem ganhando espaço no time, autores de dois belos gols.
Após a chegada de Dorival, jogadores que andavam apagados, como Luciano e Marcos Paulo, voltaram a jogar bem num time sem grandes estrelas, mas em que todos brigam por cada bola até o último minuto de jogo, olhando sempre para a frente, e não para trás, como faziam antes.
Um bom técnico não é garantia para o time ganhar todos os jogos e títulos, claro, mas um técnico que não tem controle sobre o elenco e não sabe o que fazer com cada jogador à sua disposição, como está acontecendo com Wanderley Luxemburgo no Corinthians, é um caminho seguro para o fracasso.
Prova disso é que o São Paulo, que até outro dia andava rondando a zona de rebaixamento, subiu para a 7ª colocação, com 12 pontos, a seis do Botafogo, que continua líder absoluto. E pode começar a sonhar mais alto, se mantiver a mesma evolução que tem mostrado desde a chegada deste discreto técnico de 61 anos, paulista de Araraquara, um ex-jogador que no ano passado ganhou como treinador a sua segunda Copa do Brasil e a Libertadores pelo Flamengo.
Depois, foi solenemente dispensado, para os gênios do Flamengo contratarem outro português, já que Jesus não quis voltar, o desastre chamado Vitor Pereira, que já havia fracassado no Corinthians e conseguiu perder todos os cinco títulos que disputou este ano pelo time da Gávea.
Técnico ganha jogo, sim. E perde também.
Vida que segue.
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