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Após 5 meses, governo Lula-3 está sob forte ataque do Congresso e da mídia
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Ao completar os primeiros cinco meses do novo mandato nesta quinta-feira, o governo Lula 3 encontra-se sob forte ataque do Congresso e da mídia, sem mostrar sinais claros de reação a esse cenário negativo.
Nos dois governos anteriores, levou mais tempo para se formar esta ofensiva sincronizada que não dá trégua ao presidente.
No primeiro, isso só aconteceu depois de estourar o caso do mensalão, em 2005, que derrubou a popularidade do presidente nas pesquisas. Desta vez, não houve sequer um período de lua de mel nos primeiros meses do novo governo.
Uma leitura no noticiário do final de semana mostra que a artilharia contra o governo é generalizada, tanto no noticiário econômico como no político, unindo editorialistas, comentaristas e colunistas da mídia tradicional numa pauta única, em que nada que vem do governo presta, quase no mesmo diapasão dos partidos de oposição no parlamento e da rede bolsonarista de rádio e televisão.
Nem a aprovação pela Câmara do arcabouço fiscal, por larga margem de votos, importante instrumento para acalmar o mercado e promover a volta do crescimento econômico, melhorou o humor dos críticos, que deram mais destaque à repercussão negativa da volta dos incentivos para os carros populares, proposta que foi ridicularizada, lembrando todos do folclórico fusquinha do Itamar.
É verdade que o governo também não está primando pela criatividade ao apresentar seus projetos, em sua maioria programas dos governos petistas anteriores que foram apenas reciclados. Faltam novidades no cardápio do novo governo.
No mesmo período, Lula 3 priorizou a política externa, dizimada pelo governo anterior, em detrimento da sua presença na articulação política no Congresso, entregue aos ministros da área e aos líderes do PT, que até aqui não apresentaram bom resultado, como mostram as seguidas derrotas dos projetos do governo.
Em compensação, nestes primeiros 150 dias, o presidente já se encontrou com mais chefes de Estado do que o antecessor em todos os seus quatro anos de mandato, segundo levantamento feito pelo jornal O Globo. Lula já se reuniu com representantes de 31 países, de três continentes, entre eles Estados Unidos e China, buscando apoios para o Fundo Amazônia e a um plano de paz para negociar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Nada indica que Lula pretanda reduzir o número de viagens internacionais nos próximos meses. Hoje, Lula recebe em Brasília o presidente venezuelano Nicolás Maduro e amanhã se reúne com os líderes de 12 países da América do Sul. Na quinta-feira, recebe o presidente da Finlândia. Em julho, participa de uma cúpula na Bélgica entre os membros da União Europeia e da Celac, e terá uma reunião dos Brics em Durban, na África do Sul. Deverá aproveitar a viagem para visitar também outros países do continente africano (líderes de 12 deles já enviaram convites para o presidente brasileiro).
Na semana passada, durante um churrasco com ministros da área política e líderes partidários, no Palácio da Alvorada, Lula anunciou que pretende participar de reuniões da articulação do governo com dirigentes da base aliada, que andam reclamando de mais atenção do presidente (leia-se, liberação de verbas para as emendas parlamentares e cargos no segundo escalão).
Esta é a realpolitik de Brasília, ainda sob o domínio do Centrão de Arthur Lira, que continua dando as cartas e não se preocupa muito com relações externas. Mas, com tantos compromissos internacionais, fica difícil encontrar espaço na agenda presidencial para conversas ao pé do ouvido. Além disso, Lula precisa encontrar tempo para se submeter a uma cirurgia de quadril, pois vem se queixando de fortes dores ao andar ou ficar em pé.
Aos 77 anos, depois de sobreviver a um câncer na laringe e a 580 dias de prisão, Lula só não pode se queixar de tédio e falta do que fazer nesta sua atribulada volta ao Palácio do Planalto.
Não está nada fácil a vida do presidente. Eu não queria estar no lugar dele.
Vida que segue.
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