Topo

Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Enfim, uma boa notícia: plano quer zerar desmatamento na Amazônia até 2030

Lula ganha adorno do cacique Raoni no Dia do Meio Ambiente em que Lula e Marina Silva anunciaram um grande plano para a preservação da Amazônia  - Reprodução
Lula ganha adorno do cacique Raoni no Dia do Meio Ambiente em que Lula e Marina Silva anunciaram um grande plano para a preservação da Amazônia Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

05/06/2023 19h33

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

No fim da tarde desta segunda-feira, o UOL publicou a notícia mais esperada do ano, pelo menos por mim e o resto do mundo:

"Lula anuncia plano contra desmatamento na Amazônia em meio a esvaziamento de Meio Ambiente".

A destruição acelerada nos últimos anos da maior floresta tropical do mundo agora tem prazo para acabar: 2030.

Espero ainda estar vivo até lá para ver esse milagre acontecer.

O anúncio do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) - ver reportagem completa de Thaísa Oliveira aqui no UOL - veio em boa hora, justamente no momento em que a tropa ruralista, a vanguarda do atraso de Arthur Lira na Câmara, esvaziou o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, que estava ao lado de Lula no Palácio do Planalto, e garantiu que vai ficar no governo, ao contrário do que se andou especulando nos últimos dias.

Marina resolveu ficar para brigar com todas as forças que restam ao seu corpo frágil para que esse plano seja finalmente implantado, depois de ser abandonado pelo governo de Jair Bolsonaro, em 2019, quando se acentuou o esvaziamento dos órgãos de controle e fiscalização, e se acelerou a invasão do crime organizado e do tráfico de drogas na Amazônia, dois movimentos simultâneos, potencializando a violência e os conflitos pela posse da terra, que levaram ao assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do ambientalista brasileiro Bruno Pereira.

O PPCDAm foi criado no primeiro governo Lula, em 2004, quando Marina Silva já era ministra do Meio Ambiente, e sobreviveu 15 anos, até a chegada de Bolsonaro ao poder. No primeiro dia do seu terceiro governo, Lula e Marina publicaram um decreto reinstituindo o plano, mas os detalhes só foram definidos agora, como informa a reportagem.

Agora, tendo em mãos um plano concreto, com metas e prazos, ficará mais fácil para o Brasil conseguir novos recursos externos para o Fundo Amazônia, que também tinha sido descontinuado no governo passado. No período entre 2004 e 2012, o plano ajudou a reduzir a taxa de desmatamento em 83%.

A política de transversalidade preconizada no plano original prevê agora a participação também da Casa Civil e dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, da Indústria e Comércio, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.

Entregue aos cuidados dos militares desde os tempos da ditadura (1964-1985), pode-se dizer que a partir de agora a região voltará a ter a presença efetiva do Estado brasileiro, com a reconstrução dos diferentes órgãos federais, como a Funai, o Ibama e o ICMbio, além da participação permanente da Polícia Federal no combate ao crime cada vez mais organizado.

Resta ainda ao presidente Lula também marcar maior presença na Amazônia, acompanhando os trabalhos de preservação da floresta e da defesa dos indígenas, depois que o ministério criado por Lula e comandado por Sonia Guajajara também sofreu sérios cortes da bancada ruralista em sua estrutura.

O governo Lula-3 pode fazer desse limão uma limonada, mostrando ao mundo que a defesa da Amazônia é uma das suas grandes prioridades e receberá todos os recursos humanos e técnicos necessários para cuidar da preservação da vida e do futuro da humanidade ameaçado pelas mudanças climáticas.

Para engajar toda a população nesta cruzada do bem, o governo também deveria divulgar amplamente, em todas as mídias e plataformas, o plano lançado hoje, mobilizando escolas e universidades, alunos e professores, cientistas e pesquisadores, padres e pastores, e toda a sociedade civil organizada para atuar na Amazônia, em lugar do crime organizado atraído pela incúria e desídia do governo anterior.

É a grande oportunidade que o presidente Lula tem de mudar o astral do país, ainda atormentado pelas assombrações do passado e obrigado a administrar o varejo da política, que se resume no "dá ou desce" das chantagens parlamentares.

Enfim, temos um plano que pode finalmente pacificar e unificar o país porque não imagino que alguém possa ser contra essa bandeira universal da defesa da Amazônia.

Vida que segue!