Topo

Carla Araújo

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Bolsonaro não fará declaração neste domingo, dizem assessores

30/10/2022 22h56Atualizada em 31/10/2022 00h23

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Jair Bolsonaro (PL) decidiu que não falaria no domingo (30) sobre a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), informaram à coluna três assessores próximos do presidente.

A Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência passou diversas informações desencontradas durante o dia. Primeiro, avisou da possibilidade de, entre as 17h e as 18h, o presidente receber jornalistas no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, para um pronunciamento.

A segunda versão da Secom foi de que ele falaria com a imprensa no cercadinho do Alvorada depois da apuração. Mas, quando Lula se aproximou e ficou claro que o petista iria virar, a informação foi de que "talvez" ele falasse. Um sinal de que não haveria pronunciamento veio às 22h03, quando as luzes do Alvorada foram apagadas.

Bolsonaro superou Serra. Bolsonaro já é o candidato que mais demorou a reconhecer o revés nas eleições ao menos desde 2002. Em 2010, o então candidato à Presidência José Serra (PSDB) admitiu a derrota para a Dilma Rousseff (PT) às 22h40, quase duas horas e mais após o anúncio do resultado, às 20h13.

O também tucano Aécio Neves fez um discurso de reconhecimento da derrota em 2014 por volta das 21h30 do dia 26 de outubro daquele ano.

Outro tucano, Geraldo Alckmin, pronunciou-se sobre o resultado das eleições por volta de 21h30 do dia 30 de outubro de 2006, na festa do "Muito Obrigado", organizada pelo PSDB em São Paulo.

Serra também foi derrotado em 2002, ano em que Lula se elegeu pela primeira vez. À época, por volta de 21h10, o tucano ligou para o adversário a fim de cumprimentá-lo pela vitória.

Moraes conversou com presidente

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, afirmou que ligou pessoalmente para Lula e Bolsonaro para cumprimentar os dois pela disputa. A ligação é praxe e serve para informar que o TSE já estava preparado para declarar o resultado das urnas.

"O presidente Bolsonaro me atendeu com extrema educação, assim como o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva", disse o ministro.

O UOL apurou com uma pessoa que teve conhecimento da ligação para Bolsonaro que o candidato do PL recebeu a chamada de forma educada, mas não conseguiu esconder que estava "abalado" com a derrota nas urnas.

Durante a coletiva, Moraes afirmou que, com o resultado das eleições, espera que cessem os ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas.

Silêncio do entorno

Poucos aliados do presidente falaram sobre o resultado do pleito.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) reconheceu a derrota do presidente, e disse que será a "maior oposição" que o presidente eleito "jamais imaginou ter".

"Ainda que eu ande pelo vale das sombras, não temerei, porque Tu Senhor Deus estás comigo. O sonho de liberdade de mais de 51 milhões de brasileiros continua vivo", escreveu Zambelli. "E lhes prometo, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter".

Ex-desafeto de Bolsonaro, senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) se manifestou sobre a derrota de Bolsonaro. "A democracia é assim. O resultado de uma eleição não pode superar o dever de responsabilidade que temos com o Brasil", disse o ex-ministro da Justiça.

Moro se reconciliou com o atual presidente no segundo turno da eleições e se tornou um dos principais aliados na sua tentativa de reeleição.

Arthur Lira (PP-AL), outro aliado de Bolsonaro, também reconheceu a vitória de Lula e a derrota do atual presidente. Ele defendeu que "a vontade da maioria nas urnas" deve ser respeitada e que é hora de "construir pontes". No pronunciamento, no entanto, Lira não falou o nome de Lula.

"É hora de desarmar os espíritos, estender a mão aos adversários, debater, construir pontes, propostas e práticas que tragam mais desenvolvimento, empregos, saúde, educação e marcos regulatórios eficientes. Tudo que for feito daqui para frente tem que ter um único princípio: pacificar o País e dar melhor qualidade de vida ao povo brasileiro", afirmou Lira.