Lira parabeniza Lula e diz que é 'hora de construir pontes' com diálogo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reconheceu a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu que "a vontade da maioria nas urnas" deve ser respeitada e que é hora de "construir pontes". No pronunciamento, no entanto, Lira não falou o nome de Lula.
"É hora de desarmar os espíritos, estender a mão aos adversários, debater, construir pontes, propostas e práticas que tragam mais desenvolvimento, empregos, saúde, educação e marcos regulatórios eficientes. Tudo que for feito daqui para frente tem que ter um único princípio: pacificar o País e dar melhor qualidade de vida ao povo brasileiro", afirmou Lira, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas no segundo turno.
"As urnas já haviam falado em 2 de outubro passado, quando apontaram que querem um Brasil no caminho das reformas, de um Estado menor e mais eficiente. Esse recado foi dado e deverá ser levado a sério. Ao presidente eleito, a Câmara dos Deputados lhe dá os parabéns e reafirma o compromisso com o Brasil, sempre com muito debate, diálogo e transparência. É preciso ouvir a voz de todos, mesmo divergentes, e trabalhar para atender as aspirações mais amplas", disse Lira.
Em aparente recado para Bolsonaro, o presidente da Câmara falou que não irá aceitar "revanchismos ou perseguições" e reafirmou a "lisura, a estabilidade e a confirmação da vontade popular". Em agosto, durante sabatina realizada no Jornal Nacional, Bolsonaro não quis assumir o compromisso de que respeitaria o resultado das urnas.
Mas, após o debate da Rede Globo, na sexta-feira (28), Bolsonaro disse que iria aceitar a vitória de quem "tiver mais votos" no segundo turno das eleições. Questionado pela jornalista Renata Lo Prete se aceitaria o resultado das urnas, o então candidato declarou: "Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia".
Desde a eleição de 2018, da qual saiu vitorioso no segundo turno, o presidente tem lançado suspeitas infundadas o sistema eleitoral brasileiro e a confiabilidade do voto eletrônico.
A semana final de campanha de Bolsonaro foi conturbada. No domingo passado (23), o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) resistiu a cumprir decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), atirou contra agentes da PF (Polícia Federal) e lançou granadas contra eles. Jefferson e Bolsonaro, até então, eram aliados próximos.
Na última segunda (24), a campanha de Bolsonaro tentou criar uma narrativa de denúncia de fraude eleitoral ao divulgar dados que, de acordo com os advogados do PL, indicariam suposto favorecimento a Lula nas inserções de rádio no Nordeste. O staff do atual presidente pleiteou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a suspensão da propaganda do adversário, mas o pedido foi negado por Alexandre de Moraes, que determinou o arquivamento do processo.
Ontem, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas de Bolsonaro, foi filmada apontando uma arma para um homem negro na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.
Zambelli afirma ter sido agredida e empurrada pelo homem, o jornalista Luan Araújo. "Eles usaram um negro para vir em cima de mim", disse. O homem conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era "prendê-lo, matá-lo".
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