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Bolsonaro já é o candidato que mais demora a admitir derrota desde 2002

Do UOL, em Brasília

30/10/2022 23h54Atualizada em 31/10/2022 08h22

Derrotado neste domingo por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) já é o candidato que mais demorou a reconhecer o revés nas eleições ao menos desde 2002, quebrando o protocolo de ligar para o adversário após o resultado das urnas. Em 2010, o então candidato à Presidência José Serra (PSDB) admitiu a derrota para a Dilma Rousseff (PT) às 22h40.

Bolsonaro decidiu não se manifestar nesta noite, segundo informaram à reportagem assessores próximos do presidente. Às 22h03, as luzes do Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo, foram apagadas, pouco mais de duas horas depois da definição da vitória de Lula.

Durante o dia, o presidente e seus assessores despistaram a imprensa. A Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) divulgou informações que não se confirmaram sobre possíveis pronunciamentos do governante.

Alguns deputados federais da base bolsonarista comentaram o resultado das urnas após o anúncio da vitória de Lula. Carla Zambelli (PL-SP) afirmou, em mensagem no Twitter, será "a maior oposição que Lula jamais imaginou ter". O senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) disse que "a democracia é assim".

Bolsonaro superou Serra. Até esta disputa, o candidato que mais havia demorado a reconhecer a derrota em 20 anos foi José Serra (PSDB) — hoje senador. Em 31 de outubro de 2010, após levar a pior na disputa contra Dilma, o tucano fez um pronunciamento quase duas horas e mais após o anúncio do resultado, às 20h13.

Na ocasião, Serra declarou: "Para os que nos imaginam derrotados, nós apenas estamos começando uma luta de verdade".

O também tucano Aécio Neves fez um discurso de reconhecimento da derrota em 2014 por volta das 21h30 do dia 26 de outubro daquele ano.

Outro tucano, Geraldo Alckmin, pronunciou-se sobre o resultado das eleições por volta de 21h30 do dia 30 de outubro de 2006, na festa do "Muito Obrigado", organizada pelo PSDB em São Paulo.

Serra também foi derrotado em 2002, ano em que Lula se elegeu pela primeira vez. À época, por volta de 21h10, o tucano ligou para o adversário a fim de cumprimentá-lo pela vitória.

Segundo a assessoria de Serra, ele disse ao petista que estava telefonando "para reconhecer a sua vitória e desejar boa sorte na Presidência para o bem do país". Lula teria dito que Serra foi um adversário muito leal.

Em 28 de outubro de 2018, por volta de 20h20, Fernando Haddad (PT) fez um discurso público no qual reconheceu o triunfo de Jair Bolsonaro na disputa presidencial daquele ano. O resultado havia sido anunciado às 19h18.

Tarcísio diz que Bolsonaro está 'tranquilo'. Aliado de Bolsonaro e eleito governador de São Paulo no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que ainda não teve a oportunidade de conversar com o atual chefe do Executivo, mas afirmou considerar que ele está "tranquilo" e que "trabalhará normalmente amanhã".

Em entrevista na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, disse ter conversado com Bolsonaro por telefone. O mesmo ocorreu com Lula.

Moraes afirmou que ligou pessoalmente para ambos antes de falar com a imprensa para cumprimentar os dois pela disputa. A ligação é praxe e serve para informar que o TSE já estava preparado para declarar o resultado das urnas.

Informações desencontradas. Um comboio saiu do Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo, no início da apuração, em direção à Granja do Torto, casa do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes, no entanto, negou que Bolsonaro estivesse no local. Com o resultado da eleição se aproximando do fim, auxiliares do presidente afirmaram que ele estava no Palácio da Alvorada. A expectativa é que ele fale após o resultado.