Carla Araújo

Carla Araújo

Reportagem

Exército acompanha operação da PF; cerco à família Cid amplia mal-estar

A operação de hoje da Polícia Federal, que cumpre mandados de busca e apreensão nos endereços do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cesar Barbosa Cid, mobilizou o Exército na manhã desta sexta-feira (11).

Segundo apurou a coluna, equipes jurídicas e de relações institucionais do Exército foram deslocadas para acompanhar os desdobramentos da operação.

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, foi inclusive avisado pela Polícia Federal sobre a operação de hoje. Ontem à noite, Tomás foi informado de uma operação que teria um alvo militar, mas sem saber quem sofreria a busca e apreensão.

De acordo com um general ouvido pela coluna, há um apoio institucional e também para a família dos militares. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso desde maio numa unidade militar, em Brasília.

O general Cid, hoje na reserva, foi colega de Bolsonaro na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), nos anos 1970, e é um militar que tem o respeito dos pares. Segundo colegas de patente, o general estava muito abalado desde a prisão do filho e era uma visita frequente no batalhão em que o tenente-coronel está preso.

Cautela nas investigações

Integrantes da cúpula do Exército admitem que o episódio amplia o desgaste para as Forças Armadas, que desde o governo de Bolsonaro aparecem "enroladas" em questões que não dizem respeito diretamente ao trabalho militar.

Apesar disso, a ordem até o momento na caserna é evitar posicionamentos públicos, já que alegam que é preciso entender melhor as investigações e os desdobramentos dela.

Militares admitem o mal-estar com as suspeitas de desvios de joias e outros bens obtidos por Cid em viagens oficiais no governo Bolsonaro, mas ressaltam que é preciso "aguardar mais informações".

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Exército diz que colabora com investigações

O Centro de Comunicação Social do Exército disse, em nota enviada à coluna, que acompanha as diligências realizadas por determinação da Justiça e está colaborando com as investigações em curso.

"A Força não se manifesta sobre processos apuratórios conduzidos por outros órgãos, pois esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República. Por fim, cabe destacar que o Exército Brasileiro não compactua com eventuais desvios de conduta de quaisquer de seus integrantes", diz a nota.

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