Carla Araújo

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Reportagem

Cid é ouvido por gabinete de Moraes; delação pode cair após áudios

Depois de virem a público gravações em que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, faz acusações contra a Polícia Federal, há possibilidade de que seu acordo de delação premiada seja anulado.

Fontes ligadas à investigação ouvidas pela coluna afirmam que é "grande" o risco de a PF querer invalidar o acordo realizado com o militar.

Cid depõe na tarde desta sexta-feira no STF. A oitiva é presidida pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a assessoria do STF, participam a defesa de Cid e um representante da PGR (Procuradoria-Geral da República).

As gravações pegaram muito mal dentro da PF. À coluna, nesta sexta-feira, o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, disse que enviou ainda ontem uma representação no STF contra Mauro Cid.

"Ele faz graves acusações à PF. Já representamos, ontem à noite", disse o diretor-geral.

Há uma expectativa que, após a oitiva de Cid hoje no STF, a cúpula da PF e o ministro Moraes avaliem se o caso é para rescisão do acordo e se o ex-ajudante de ordens pode perder os benefícios que combinou de obter ao delatar.

Defesa fala em desabafo e defende delação

Em nota divulgada após a reportagem da revista Veja, os advogados de Cid disseram que o tenente-coronel "em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios".

Os advogados dizem ainda que de forma alguma as revelações dos áudios "comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade".

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Cid chegou a ficar preso por quatro meses no Batalhão do Exército, por ordem de Moraes.

Submetido a medidas restritivas como uso de tornozeleira eletrônica, ele negociou o acordo de delação para conseguir a liberdade.

Em setembro do ano passado, ao soltar Cid e homologar a delação, Moraes afirmou que o acordo foi firmado "entre Cid e a Polícia Federal após verificar a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade".

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