Carla Araújo

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Reportagem

Por presidência da Câmara, Pereira se dispõe a 'fazer o L': de Lula e Lira

Semana passada, banqueiros, políticos e empresários migraram para Nova York para uma série de reuniões e discussões sobre a economia brasileira. Na plateia dos eventos, pouco ou quase nenhum investidor estrangeiro ouvia o discurso dos brasileiros.

Nos bastidores, as principais conversas aconteceriam em jantares regados a muito vinho e uma boa carne brasileira.

Entre as figuras que chamaram a atenção em algumas rodas estava Marcos Pereira, presidente do Republicanos e que já não faz mais segredo de que está na corrida para ser o sucessor de Arthur Lira no comando da Câmara dos Deputados. "É agora ou nunca" e "não tenho nada a perder" são duas frases que o deputado, atual primeiro vice-presidente da Câmara, tem repetido a aliados.

Lira, que ocupará a cadeira até fevereiro de 2025, tem evitado manifestações públicas e, mesmo nos bastidores, diz que ainda não é hora de escolher o sucessor. Isso porque a avaliação é de que candidato ao posto que antecipa demais a eleição corre o risco de 'se queimar'.

Além de Pereira, os postulantes mais fortes na disputa são Elmar Nascimento (União-BA), o mais próximo a Lira; e Antonio Brito (PSD-BA), o nome mais fácil para conseguir o apoio do governo.

Mas se Lira evita manifestações públicas, o presidente Lula também não quer entrar em uma briga que ele possa perder.

E é justamente neste ponto de equilíbrio que Pereira tem apostado.

Até mesmo petistas graúdos já veem a candidatura de Marcos Pereira como uma alternativa.

Pereira é do chamado centrão e já tem mostrado uma posição de apoiar o governo, sem se descolar totalmente da oposição.

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Do lado de Lira, aliados também admitem que o perfil de Pereira e sua habilidade política têm dado força para sua candidatura.

Lira teria inclusive feito um acordo com Pereira de que poderá apoiá-lo em sua sucessão desde que ele viabilizasse o caminho para a vitória.

E o otimismo parece estar nas rodas que Pereira frequenta. Em uma delas, aliados dizem que Pereira já se prepara para "fazer o L", em referência a um gesto que ficou conhecido na campanha de Lula em 2022. Mas que esse "L" também pode ser de aceno a Lira.

A força e o racha da Igreja

O que ainda é incômodo para alguns auxiliares de Lula é a ligação umbilical de Pereira com a Igreja Universal. Ele é bispo da Universal e próximo a Edir Macedo.

Há ainda um racha na bancada evangélica. O pastor Silas Malafaia, dirigente da Assembleia de Deus e com influência entre bolsonaristas, é um desafeto de Pereira.

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Se Lira apoiar Pereira para a presidência, há quem aposte que o atual presidente da Câmara corra o risco de perder o apoio da direita para o Senado por Alagoas em 2026.

E o Tarcísio e o PL?

Outra peça na disputa de Pereira pelo comando do Câmara em 2025 é o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Nesta semana, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse publicamente que já havia acertado a chegada de Tarcísio ao partido. O que o governador teve que negar depois.

As negociações de fato estão acontecendo. E Pereira, mais uma vez, quer ser o equilibrista.

Ao mesmo tempo que se dispõe a abrir mão do nome forte de Tarcísio na legenda em troca do apoio do PL para sua candidatura, ele acena ao PT garantindo que o atual governador não entrará numa eventual disputa com Lula em 2026, pelo menos não pelo Republicanos.

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