Carla Araújo

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Reportagem

Defesa de Bolsonaro pede à PGR para que ex-CGU deponha sobre vacinas

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou na segunda (5) uma petição na PGR (Procuradoria-Geral da República) pedindo que a PF (Polícia Federal) ouça o ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) Wagner de Campos Rosário no inquérito que apura fraude nos cartões de vacinação.

Bolsonaro e outras 15 pessoas já foram indiciados por supostas fraudes no cartão de vacina, mas ainda cabe à PGR decidir se há ou não elementos para apresentar uma denúncia. A defesa do ex-presidente diz que Bolsonaro nunca se vacinou e também não teria participado da fraude operada pelo seu então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

De acordo com a petição, Bolsonaro citou Rosário em seu depoimento e determinou que o então ministro da CGU abrisse uma investigação para apurar falsificações em seu cartão de vacina. Isso demonstraria, segundo a defesa, que o ex-presidente não teria tido participação da fraude. Por isso, defendem os advogados, o depoimento de Wagner Rosário seria uma diligência importante no inquérito.

A partir das declarações prestadas pelo presidente Bolsonaro, nota-se que a testemunha, além de estar presente nos momentos cruciais dos acontecimentos, foi citada nominalmente pelo requerente como pessoa que pode confirmar a veracidade das informações prestadas e fornecer novos elementos que contribuirão para o efetivo esclarecimento dos fatos.
Trecho do pedido da defesa de Bolsonaro encaminhado à PGR

Ministério da Saúde apresentou cartão com vacinas

Bolsonaro havia imposto sigilo em seu cartão de vacinação, apesar do discurso contrário às vacinas durante o seu governo. No fim de seu mandato, porém, o então CGU informou que o Ministério da Saúde tinha o registro de vacinas na carteira de Bolsonaro.

O então presidente afirmou, em depoimento à PF, que solicitou que Rosário realizasse uma investigação. "O ex-ministro Wagner Rosário determinou a instauração de investigação preliminar pela Corregedoria da CGU e a adoção das providências cabíveis à Polícia Federal", diz o documento.

No início deste ano, a CGU, já sob o comando de Vinicius de Carvalho, concluiu que os registros de vacina contra covid na carteira de vacinação de Bolsonaro são falsos.

Vemos com estranheza essa omissão da investigação, visto que, a despeito de o presidente Bolsonaro haver noticiado em seu depoimento que solicitou à CGU a apuração da inserção de dados falsos em seu cartão vacinal, quando disso teve ciência ao final de seu mandato, o episódio foi simplesmente ignorado na investigação.
Paulo da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro

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Bolsonaro já foi indiciado no caso

A avaliação de integrantes da investigação é que dificilmente o depoimento de Rosário acrescentaria em algo, já que o inquérito já foi relatado e está agora nas mãos do Judiciário.

A PF imputa a Bolsonaro e Cid os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.

A PF concluiu no relatório que o ex-presidente "agiu com consciência e vontade" para a fraude em sua carteira de vacinação, determinando que o ex-ajudante de ordens "intermediasse a inserção de dados falsos" no sistema do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha, Laura. A investigação também correlaciona o fato à investigação que o colocou Bolsonaro no centro de uma suposta tentativa de golpe de Estado.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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